sexta-feira, 22 de novembro de 2013
BRISA DA MEMÓRIA
Recordações são como grãos de poeira
Algumas, soterrados no fosso da criação
Às vezes é preciso sorrir para mostrar que estamos vivos
Com amor e miolo de branco pão se aquece um coração
Tudo começa num poema
Há deuses que não usam diadema
Tudo acaba quando a boca fica calada
Há palavras de louvor, outras de pena
Uma ilha tem um princípio
Uma cidade mais de mil casas
Um coração sete ou mais janelas
Uma gaivota às vezes recolhe as asas
No alto de uma colina senti a terra respirar
Uma mulher virgem será sempre de um homem só
Um beijo pode ser gesto tolo, banal
Um idiota pode ser uma anedota e coisa e tal
Já vivi numa floresta de palavras tristes
Pelo fio da uma navalha atravessei agruras
Na pele deslizante de uma rapariga madura
O amor escorrega, perde-se, não dura
Este poema ferve como cal viva
Grande troinas é este poeta, não é!?
A canção que hoje me apetece cantar é outra bem melhor
Já chega de lembranças maduras, de dor
Hoje apeteceu-me largar um papagaio de papel de seda
Vieram a mim a cor de longos dias
Hoje vi uma nuvem igual a uma Lua
Hoje naveguei num mar de alma nua
Hoje a loucura tomou a palavra de assalto
Disse tanto e não contei qualquer história
Hoje ao cerrar os olhos por um momento
Passou-me de mansinho a…Brisa da Memória…
sábado, 9 de novembro de 2013
PARA QUE SEJA UM POEMA
Ninguém repara mas vejo sempre o teu sorriso
Podia ser eu apenas uma palavra doce
Podia eu ser mais uma pedra da ilha
Podia eu ser alguém ou algo que fosse
Nunca discuti se Deus fez o Mar
Nunca perdi o rumo deste navegar
Nunca parti sem ter o chegar
Mas sei quando acreditar na palavra amar
Sei de muitos punhos cerrados
Os meus espaços são tão transparentes
Às vezes corto o mar, rasgo as pedras
Às vezes transformo em cor a mera quimera
Mas, falemos de suspiros dos pássaros
De uma gaiola vazia de emoções
Falemos de uma dor que se perdeu no amor
Não quero sentir o desespero das contradições
Deixem-me ficar com o mar apreciando a noite
Desafiar uma baleia a cantar para mim
Deixem-me domar um golfinho azul
Deixem-me acreditar neste princípio de um triste fim
Deixem-me…!
Rezar falando com as pessoas que amei
Deixem-se ser grande com alma de petiz
“DEIXEM-ME APENAS SER FELIZ”
Tem a força do vento este alento
Não terei mais notícias de saudades ausentes
Construi sonhos no lugar de casas
Derramei tristeza, enchi a alma de presentes
Hoje decidi que as coisas vão rebelar-se
Escrevi metáforas sem qualquer tema
Abro este livro de vida de alvas folhas
Aceno à vida…Para Que Seja Um Poema…
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
O SILÊNCIO DAS CASAS
Ouvi alguém partir de mim
Ouvi um pássaro aflito, ouvi um grito
Ouvi no silêncio um rumor de melancolia
Ouvi a saudade uma vez, numa casa vazia
Nem tudo o que faço pode estar certo ou errado
Apenas faço…
Renunciei à esperança, calei a voz da penumbra
Vi nascer um tugúrio e um fogo que devorava o espaço
Um céu menstruado de ausentes pássaros
Esta poesia desaparece pelos espaços de fechada janela sem querer
Numa brisa sussurrante, rasteira
Gostava de ser a consciência do amanhecer
Baloicei meu corpo no infinito
Desprezando cada hora, desafiando o impossível
O espaço provável do amor
É campo de guerra da guerreira dor
A poesia é como beijo infinito
Pensei ser infinita a caminhada de minha Mãe
Hoje olhei um cruzeiro, gravado, Maria
Orei, chorei, nesta faminta solidão, vazia
Montei um choro no guião de uma peça
Neste vale sem casas nem campos, sei dizer amor
Vim de mãos vazias pelo silêncio dos olhos
Entre as cicatrizes de terra estéril, sem flor
Há bocas atafulhadas de sorrisos
Olhos sem nada para dizer
Há canções que não apetece cantar
Há cartas de amor escritas por quem não sabe amar
Uma rosa, no peito suave de uma dama
Um papagaio falador sem cor nem asas
Neste dia de lembrar pessoas que me amaram
Fiquei preso no….Silêncio das Casas…
Subscrever:
Mensagens (Atom)