sexta-feira, 27 de novembro de 2015

VENUS


Sentei-me com quem teme repartir o amor
Esta manhã
Vi desprenderem-se do céu anjos magníficos
“Senti que amar com amor é sentimento vã”

Com o âmago do universo
No bater do coração
Alheado pela emoção que não absorvo
“Aprendi a suportar a palavra não”

Vou vencendo animais marinhos
Rios de crispadas águas
Vou arranjar um par de asas
Para no voo sacudir mil magoas

Já tentei sorrir às vezes
Contando aves numa alegria adormecida
Já bebi o mar numa tarde de verão
Já beijei uma mão e pedi perdão

À minha volta a luz é insuficiente
Terei que subir uma colina desta ilha desatenta
Tenho a persistência da alegria das casas pobres
Tenho alma sete razões nobres

Amo
Com verdade me visto
Sou apenas um poeta sem rima
Que não aprendeu o que a maldade ensina

Sabes?!
Os meu poema cresce sempre sozinho
Sabes?
Sou apenas um pássaro que caiu cedo do ninho

Conheço coisas vivas sem nome
Conheço o verde que me cresce das mãos
Conheço a saudade verdadeira
Conheço o amar na vez primeira

Não conheço a cor do rancor
Tampouco a palavra términos
Sonhei esta noite com uma criatura bela
Vestida de sedas e ouro tal como...Venus...

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

COMO O SILÊNCIO


Teu rosto claro de mulher
Como o pão fresco e saboroso
Nas manhãs que possuirão aquela luz de novidade
Vi o teu retrato, saudade

Trespassado pela monotonia ecoante
Acendi uma luz, novidade esperança
Este mar rasgando rochas
Esta força de amar, confiança

Aguardo certamente
A chegada da gaivota calada e serena
Aguardo certamente
O reflorir da tua paixão plena

Para em cada voo erguer
O grito do mar
O grito da paixão
O grito do amar

Contemplemos as verdades lúcidas
Sigamos em frente sem nos determos
Sorrimos com voz cansada
Como afinal não importasse mais nada

Sim falemos dos suspiros dos pássaros
Fiquemos com eles apreciando a noite
Buscando pontos cardeais no tempo
Parar em teus olhos em doce momento

Surgiram abismos, falésias, escarpas
Um punhado de enganos com sabor a invernias
Uma raiz de maldade agarrada à sombra
Habitei as planícies do mar na tua espera

Vesti-me de golfinho e nadei feliz
Travei amizade com uma baleia azul
Construí castelos de areia em ilha perdida
Voei nas asas de uma andorinha do mar a caminho do sul

Subi ao mais alto
Procurando respostas sem conhecer perguntas ao coração
Decidi abraçar vagabundos solitários e anjos triste
E deixar o amor ser amor ... Como o Silêncio...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

PÁSSAROS INESPERADOS


E de repente as paisagens tombaram
Debaixo de uma Lua de sangue
As portas fecharam-se na casa
Irei, vou, para onde?

Talvez viajar numa onda
Com o poder das nuvens revoltas
Percorrer um oceano inteiro
Talvez encontre o teu coração no meio de 7 gaivotas

O poder do Mar
A irreverencia das marés
O poder da ilusão
A promessa de um coração

O teu
Há com certeza uma lamparina adormecida
Em cima do mármore da tua alma
Há com certeza uma inquieta chama

O ar fresco beijando as paredes
Um copo de rubros presentes
Uma boca recortada, doce
As noticias de saudades ausentes

Meu Deus!
Porque escrevo todas estas coisas
Porque insisto em plantar palavras
Porque te sinto sem ver de mãos dadas?

Semana após semana
Lavro metáforas indecifráveis
Como um sorriso breve
Coração que não esmorece

Hoje é hoje
O começo da porcaria de todos os amanhãs
Quedo-me triste com o mundo
Quisera ser rocha em mar profundo

Mas deixem para lá
Este poema não é para ler
É uma canção dos mal-amados
Deste homem no meio de...PÁSSAROS INESPERADOS...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

NÃO CHORES POR MIM ILHA


O meu nome é Ventura
Também me chamo José
Não sei dançar
Não sei amar

Não sei orar
Nem sei uma alma acalmar
Não sei de ti
Por não saber, morri...

...Na noite
Não sei do dia
Nem do teu olhar
Nem o teu nome chamar

Não vejo mais o mar
Nem ondas de negro cabelo
Não quero o amanhecer
Se não te puder ver

Em ti
Contigo uma ultima vez
Atravessei a ilha à noite
E o mal que à minha alma fez

Não sei o que disse
Nem o que fiz de mal
Não sei amar
É verdade não sei tal

Não sei fazer contas
Não sei ficar sem sentir
Nem estar longe de ti
Fui, fiquei sempre no partir

Não sei o que pensas de mim
Nem se queres um mentiroso verdadeiro
Não sei se sabes
Nem se sabendo serei ultimo, primeiro

Não sei cantar
Não sei chorar
Não sei pedir
Não sei sorrir...

...Sem ti
Porque sei seres a maravilha
Não sei se morro no partir
NÃO CHORES POR MIM ILHA...

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

SOLISTÍCIO DE AMOR


Para se falar de uma ilha
Não há um nome único
Para se falar do sentir
Só existe o mais profundo

Algures no teu coração
Onde a palavra pode chegar
Mora uma justa contradição
Sabes do amor, medo de amar

Este mar com o beijo do céu
A maneira como morre o sol
O saborear a terra das flores azuis
Uma melodia terna em si bemol

Sabes, a ilha é um nome verde
Como sorrio às vezes
O teu nome soletro ao longo do dia
Cinco letras de encanto e nostalgia

Imperturbável não te apercebes
Que o teu espírito alucinado te sugere
Enquanto o teu coração amedrontado inventa uma fuga
Boca que diz não, coração que o amor segura

As crianças tornam os muros palácios
Tu, mulher, quatro quereres num lar
Uma mesa com aroma de pão
A palavra saudade escrita no chão

Tu viste-me chegar desorientado
Com a boca cheia de termos gastos
E cheguei, e parti
Poemas foram crescendo sozinhos para ti

Compreendi neste tempo
Que é preciso sorrir
Sei que quem parte às vezes fica
Às vezes partimos com o corpo e fica o sentir

É tão mau sermos sempre os mesmos
Por isso vou atirar ao mar toda a minha dor
E começar a pintar este mundo a meu modo
Num...SOLISTÍCIO DE AMOR...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DEUS ESTÁ A OLHAR POR MIM


A magia do inexistente movimento
Denunciando personagens longínquas e cruéis
As vozes por anunciar
Desenhando feições novas do amar

Com os olhos manietados no teu passar
No sopro de ventos estranhos
Ainda há um abraço
Na entrega dos sentidos

Sou assim porque nasci só no orvalho das manhãs
Mal nasci e perdi-me de ti
Gritei-te longe com a força da minha voz
Naveguei no teu rumo numa casca de noz

Digo-te coisas vibrantes em branda fala
Pela solidão que me ocupa por dentro
Um vazio triste, sem ti
Num manto de sal adormeci

Tenho um só sonho
Disfarçado de inquietude e revolta
A explicação das coisas
Voar em ti nesses teus olhos de gaivota

Aqui a terra fecha-se à minha volta
Uma voz que devasta o coração mudo
Este poema com o teu nome
Este lembrar do amor a cada segundo

São grandes os olhos de raiva
São pequenas as pessoas
É perverso o eco da palavra
Este homem que diz basta!

Tenho os lábios tortos de repetir verdades
Tenho a alma vazia de pedir esmola
Tenho as mãos sempre em construção
Tenho uma esperança profunda presa ao coração

Tenho a paixão e um saco de cores
Um amor por ti que nunca terá fim
Uma fé de um tamanho inteiro
Porque sei...DEUS ESTÁ A OLHAR POR MIM...