quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

POEMA PARA UMA NOITE MAIS LONGA


Esta alma persistente de alegria
Este ano
Ventos fortes e mares estranhos
Uma branda fala que te diz: “Que amor tamanho”

Percorri estes dias passeando numa parede nua
Disfarçado de inquietude e revolta
Senti dor entre a fronteira e a distância
Seguraram-me o espírito sete anjos à minha volta

Dois nunca me deixaram
Enquanto caído tocaram-me em fé
Tenho saudades tantas Mãe
Só vocês acreditam em mim, Maria, José

Segui dia a dia, passo a passo
Desenhando novos sonhos de rosto cansado
Vesti-me de pássaro de silêncio
Risquei abismos, desejei partir para o outro lado...

...Para vos ver
Para vos dizer que fui digno no viver
Para abraçar Deus
Para Adormecer neste querer

Era uma vez...
Era assim que ia começar este poema
Era uma vez um homem que amou
Que sente na alma uma monstruosa pena

Era uma vez um rapazinho
Que descobriu o Mundo numa bola de sabão
Cantou com as marés voou no grito de uma gaivota
Era uma vez um poeta de bom coração

Este homem
Nunca te mentiu vida
Nunca fez o que a maldade proclamou
Este homem apenas amou

Esta criatura foi generosa
Cuidou do amor e chamou a si toda a dor
Enfrentou espadas e tempestades
Esta criatura apenas quis dar amor

Apenas, tenho saudades
Quero adormecer no embalo de uma azul vaga
E deixar correr o tempo numa folha branca de papel
Neste...POEMA PARA UMA NOITE MAIS LONGA

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

RETRATO BREVE


Encontrei o sentido da vida nos teus olhos
Trago-te dentro de mim
Não sei como tratar a saudade
Não sei sentir sem verdade

Disseram coisas terríveis deste pintor
Transformaram a minha ternura em ira
O meu abraço em violência
Disseram tanta inverdade deste tonto poeta

Disseram-te...
Terás perguntado o porquê da maldade?!
Terás aberto a alma à contradição!
“Às vezes um inocente pede perdão”

Às vezes...
Solta-se um grito a dizer basta
Misturando a água às raízes
Para que floresça novamente das feridas o amor
Sem cicatrizes

Às vezes...
As palavras misturam-se com as cinzas da tarde
Só o vazio ocupa o teu lugar
Tenho-te no mais belo jardim da minha cidade inventada

Enquanto o tempo não dá noticia
O resto do mundo arde
Tudo se limita a construir a esperança
Já te disse, espero-te nesta minha inventada cidade

O provável da ternura
O encontro inadiável
Este acaso clamando
Uma porta abrindo

Os dedos a escrever no papel
Vasculhando a sombra, a dor da rosa
Mora dentro de mim uma criança impossível de sorrir
Sem ti, ficar, partir

No alcance de cada horizonte
O sereno que beija o verde
Deixei preso ao teu coração um segredo
A palavra amor, num...RETRATO BREVE...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

POEMA PARA UM SILÊNCIO


A verdade
Causa uma impressão verdadeira
O duradouro na nossa alma
O tocar do coração a vez primeira

Um par de pérolas
Um poema para os que compreendem
Um silêncio vindo de dentro
Um dezembro de tristeza servido

Não tenho muito lugar
Quedo-me no murmúrio surdo da ilha
No esquecimento do mar brincado
Numa lágrima de dor e alegria

É bom que se saiba
Vencida está a ferida
Tenho no coração escrito de forma inalterável
“Amo-te” Amo nas ondas que flutuam na tua cabeça, vida

Hoje
Ainda a noite tomava de assalto o dia
Soltei um mudo grito
Meu Deus, que caminhada, que loucura

Apenas com amor guardo estes soluços
Ninguém sabe e todos lembram
Que mereço a morte
Meu Deus, que caminho de eriçados espinhos, que sorte

Não se pode pintar um vazio indescritível
Este silêncio que incomoda, morde
Um punho preso à garganta
Tanta dor, tanta

Tanta incompreensão
A maldade à solta
As hortência adormecidas
Este poeta de perdidas vidas

As mãos do pintor
Compondo a solidão
Um abraço lembrado
Este...POEMA PARA UM SILÊNCIO

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A SOMA TOTAL DE CADA INSTANTE


O coração
De tudo o que se pode sentir
Não há sol que valha a solidão
Neste cais sem barco pronto a partir

A chama das palavras
O caminho das horas transparentes
Cerne impercetível do papel branco
Um acaso de amargos presentes

Estou escaldado de ternura
Por isso e pelos versos que me denunciam
Pelos longos sonhos de um menino antigo
Serei sempre a forma do amor contigo

A sede que se sente
Quando a injustiça nos aperta a alma
Um frio de abismos sem principio
Uma gaivota repentina

É pela força do poema
É pelo grito de quem não se quer vencido
É talvez pela tua distância
“É esta vontade de amar contigo”

Um silêncio que devasta o coração
Este esperar na dor da ferida
Este querer baloiçando no infinito
O acaso clamando um novo dia

É um tempo
De ventos fortes e mares estranhos
Meu Deus, deixai-me construir
Um ruído mudo de silêncio sem o coração partir

A entrega dos sentidos
Escondendo o segredo das penumbras
As palavras ditas que me chamam à realidade
A mentira cruel que afogou a verdade

A matemática da vida
Um número de cor, de teatro
Uma volta ao acaso de triste comediante
Faz se puderes...A SOMA TOTAL DE CADA INSTANTE...