sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A LUCIDEZ DOS ESPELHOS


Uma luz azul
Pinta de saudade o verde da ilha
Desenhando sonhos interrompidos
Vi-te no passar, no sorrir do despontar do dia

Pousei solenemente os olhos em ti
Este dia no encontro dos desencontrados
Todos os dias provo ao mundo a minha razão de ser
Todos os dias cerro os olhos para com a alma te ver

Pois é
Já dei tantos passos à volta da alma
Já ensaiei mil palavras para te dizer
Já percorri mil caminhos só para te ver

Sabes?!
É possível construir uma casa, habitar o tempo, sorrir
Seguir os pássaros na rota do sol
Ficar sem desenhar o partir

Vem, imagina-te no centro da verdade
Trás o perfume de outras eras
Dos dias felizes em que fomos tanto
Quebra esta pedra do cais das 7 esperas

Vem, cobre-te de nevoas e de flores
Veste-te de céu azul e verdes prados
E sorri, no silêncio possível do reencontro
Deixa-te cair nua e leve num retrato mágico, breve

Mas vem, anjo das transparências
Deixa que o vento componha teus caracóis
Vem, trás o murmúrio da noite no encontro da madrugada
Trás um abraço, mais nada

Vem sem perguntares pelo amanhã
Sem julgares os dias escuros
Vem apenas, como espuma inquieta do mar
Vem apenas sentir, amar

Diz-me coisas sobre as árvores
Vem sem nunca mais afastares o sonho dos olhos
Vem, para te poder falar deste poeta sincero
Que se retrata na...Lucidez dos Espelhos

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

MENINA DOS CARACÓIS


Sol brilhante
Um milagre
Uma poesia imaculada
Apenas a verdade

Em ti destruí barracas inseguras
Em ti admirei palácios
Em ti encontrei paz nesta minha inquieta alma
Confiei na ternura dos teus abraços

Caminho entre a frieza dos homens
Em mim um choro que não se ouve
Não me perguntem porque amo
Porque em cada oração o teu nome chamo

Não tenho muito lugar
Visto uma camisa maldita de esperanças
Venham comigo e entendam-me
“O amor tem sobre si mil lanças”

Pois é Menina do Mar
Talvez seja madeira crua por pintar
Rasga a tua revolta, entende a palavra
Ama, como o Sal do mar, como o sol ao chegar...

...À terra
As tuas mãos plantando vidas na varanda
Quantas são as noites sem lua
Quantas vezes cruzei a tua rua

Sabes...?!
Fundi-me com o orvalho das manhãs
E descobri nas palavras que explorei no silêncio
A explicação das coisas

Descobri que o amor pode ser eterno
Que o perdão sentido não é palavra vã
Que ser homem, é cair, errar, levantar
Que o teu nome faz parte do verbo amar

Na esperança
Tudo é o fim do principio
Não discuto, Deus fez a terra
E este amor que a minha alma encerra

Fez de mim este homem
Que pediu um milagre, apenas um
Que inventa a vida, um mundo de sete Sóis

Onde habitas... Menina dos Caracóis...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

AMOR, RENÚNCIA


Quando sinto a ânsia de te conhecer ilha
Na solidão do crepúsculo
Verticalmente duradoura será a viagem
Pelos teus olhos em doce miragem

A chama das palavras
Um poeta sorri à alegria
Abraça a dor
Pinta de mil cores a vida, amor

A sede que se sente
Quando a ilha nos aperta o coração
No espaço provável do verde do tempo
Só quis, só quero contigo um terno momento

“Para te dizer o que por palavras não consigo”
O peso do acontecimento inadiável
Um instante de água fresca violando o pensamento
Só quis no abraço enganar o tempo

Só quero
Esgotar nos teus lábios a poesia infinita do beijo
Soltar as palavras imensas por anunciar
Esmagar os medos do silêncio

Será nosso o murmúrio surdo das hortênsias
No sereno que beija a terra
Seremos a consciência no amanhecer do mar brincando
Serei o teu herói em santa guerra

Só quero
Um barco a navegar pelas ruas da cidade
Receber-te na biblioteca do terno pensamento
Oferecer-te uma estrela do mar, para iluminar o amar

Um mar calmo
Um cântico azul
Uma gaivota branca
Uma aragem doce procurando-te a sul

Nem tudo o que faço pode estar errado
Quando transborda de mim esta imensa paixão
Sinto-te na distancia sempre mais perto
Este poeta nem sempre acerta o ritmo do coração


Não vale abrasar os contornos do destino
Escrevi este poema com a chama da palavra que anuncia
No percorrer o voo deste dia
Pensei que estão tão perto...AMOR, RENÚNCIA...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A LUZ DO ANOITECER


Este mar onde nasci
Embrulhado numa alga
Brinquei com búzios quietos
Nadei com peixes de feliz alma

Acordei numa praia morena
Com a pele cintilante da luz de escamas azuis
Trazia o perfume da maresia
Respirei esperanças no nascer de um estranho dia

Soltei um calado suspiro
Fui empurrado por um vento marinho
Ouvi risos trocistas de sereias e ninfas
Olharam-me com pena aves de canto lento

Nesta insuportável sede pela vida
Toquei o amor divino e o profano
Senti reproduzida dentro de mim a terra verde
Abracei gente a verdade e o engano

E encontrei o amor...
Acendi a luz das palavras
Julguei ser esta uma vida encantada
“Amar às vezes não quer dizer nada”

Ou quer dizer tudo?
Estar contigo é deslizar na suavidade de um rio
É contemplar a vida de uma rosa breve
É Sentir o coração envolto em terna tempestade

Vale a pena ser agradecido
Louvar o amor
Vale a pena sair de mar para amar
Nem sempre são fáceis os caminhos do chegar

Entreguei a uma gaivota repentina
Levou consigo penas e dores
Este é o tempo exato do sentir da verdade
Este é o tempo de construir uma alva cidade

Lavrei estes versos cerimoniosos
Fechei os olhos para te poder ver
Abri a alma ao deslumbramento
Segui o teu olhar na...LUZ DO ANOITECER

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

INDEFINIDAMENTE


É noite e sinto
Um olhar doce
Preenchendo um vácuo descontente
Onde a voz arde

Quanto mais penso no amor
Mais absurdo acho a vida
Colhi uma rosa coberta de manhãs
Cerrei os lábios, não saíram palavras vãs

Sabem?!
Sou um poeta razoavelmente equilibrado
Tenho demasiadas fotografias tuas
Tenho uma dor gravada nas pedras da rua

Sou apenas um homem
Que decidiu ser desmedidamente feliz
Há coisas que têm de ser ditas
Sobre mim, tantas palavras malditas

“O meu Sol voltará a brilhar”
És o meu tesouro, a minha prece
E quem achou ser eu um ser bisonho
Transformou-nos na Bela e no Monstro

As planícies do passado
Estes olhos misteriosos, altivos
Aprisionei teu riso e lágrimas
Neste coração nunca existiram sombras

Serás pois o meu tesouro
A minha prece
A descoberta da luz dos caminhos
O canto de um pássaro que não se esquece

Embriaguei-me na música dos teus gestos
Nas ramagens algures absurdas de sombras
Cobri-me num cobertor de folhas verdes
E fui parar à baia de todos os medos

Contei luzes atormentadas
Do céu um raio de luz atingiu-me como presente
Sou ser que te tenho na alma
INDEFINIDAMENTE...