sexta-feira, 29 de julho de 2016

NENHUMA FERIDA NOS SEPARE


Odeiam o amor
Os que não amaram
Os que não sentem os sentidos
Os que o coração fecharam

O pranto nunca é culpa dos olhos
Sou dono das minhas própria trevas
Iluminei meu caminho com o teu olhar
Será sempre noite sem o teu chegar

Espero a transmigração
Da verdade pela estupidez
Espero que as minhas letras transviadas
Soem na tua boca outra vez

Em beijo
Na construção do Império da paixão
Não tragas ao amor um cortejo de dores
Vem apenas na singeleza do pão

Quero sentir o sal do dia
Quero despir o calor da dúvida
Apagar o fogo que consome esperanças
Construir o dia consciente , deixar a distância calada

Este pássaro louco
Habita as margens do silêncio
Ama como mendigo de mãos abertas
Num grito sussurrante rasgando o vazio

Na entrega
Estará sempre um pouco do que se pretende
Que queres tu? O que Deus quiser!
Só o vazio ocupa o teu lugar Mulher

Atrás de todas as vestes
Sorri o Sol e o medo
Atrás de cada hortênsia
Há um acariciar de melancolia

Meus senhores
Agosto está servido na ilha
Enquanto se reza a Deus pela bênção do pão
Meus Senhores, acreditem, o poeta tem coração

Tem um sonho algures esperança
Tem o alcance do teu horizonte
Que o Mar e a dor sejam barco navegante
E...NENHUMA FERIDA NOS SEPARE

quarta-feira, 27 de julho de 2016

O BUSCADOR DE MILAGRES


Falo-te ao ouvido
Benvinda acha que amar é coisa linda
Benedita amor é palavra bendita
Bela amor é cor fria numa tela

Alice de amor nada disse
Calita ao amor lançou a dor
Um criminoso roubou as estrelas
Um agressor foi condenado, o estupor

Foi a revolta das pedras
Uma revoada de moscas da truta
Foi a revolta dos porcos
A vitória das pessoas de boa conduta...

...No pão, com um senão
Não fales mais com o bandido
Não te sentes nem a um tiro de besta
Olha que o gajo tem merda escrito na testa

Agora falando a sério!
Amanhã o meu filho João faz anos
Está no Canadá a passear
Podes vir filho, mais ninguém me poderá condenar

Agora falando mesmo a sério!
Há um frio vento soprando a terra
Há ainda para ti uma proposta de encantamento
Acredita, este guerreiro não morreu nesta perversa guerra

Acredita
O choro às vezes rasga horizontes
Esmaga os medos do silêncio
É ave abrindo espaços no inverno

Acorda
Atoleimada por ter medo de ser mal amada
Sopra dos lábios murchos uma condenação
Lá voltamos ao mesmo, o poeta não tem perdão

Misterioso fias
Vivo nesta ilha, tecendo por ti saudades
Fiz um pacto com Deus se me quiseres amar
Ser eternamente um humilde... BUSCADOR DE MILAGRES...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

QUANTAS VEZES, AMOR


Não me digas a hora da partida
Não desvendes o momento da chegada
Traz o perfume de setembro
Veste-te de folhas, vem sem mais nada

Sabes quantas vezes amei sem te ver?
Toquei-te e a minha vida reacendeu-se
Reinas sobre mim como fogueira no mar
Habitas lagoas como Lua sorridente

Tenho perguntas teimosas
O amor tem um sorriso azul
Está tatuado em toda a ilha
O amor é diadema de espuma dos mares do sul

Sabes...?!
A claridade das coisas também se constrói
O pão e a pomba são céu e terra
Sabes?! Sou o teu guerreiro em santa guerra

Imagino uma casa
Com trepadeiras dos teus cabelos
Nem que seja de sonhos e lata
Com hortênsias azuis em novelos

Imagino-te sentada nas pedras do mar
Com um vestido de ar, “sol brilhante”
Luz que entra numa roseira florida
Com os olhos devorados pela sombra, imagino-te

Imagino-te nas tardes púrpuras
Adormecida num castelo coroado de neblinas
Em Homero com gestos misteriosos
Imagino-te vinda do mar com um colar de roladas pedras

Na ilha o silêncio é verde
As borboletas atravessam o meio dia
As algas o ninho das gaivotas
Celebramos com pão e vinho num copo de nostalgia

Nesta ilha que há em ti
Virão radiantes dias balanceados pelo mar
Nada devia dividir a paixão
Dir-te-ei...QUANTAS VEZES, AMOR...

quarta-feira, 13 de julho de 2016

BALOIÇANDO NO INFINITO


Não funciono bem como ser humano
A não ser que esteja a escrever, a pintar
Na tua inquietude encontrei paz
No teu coração encontrei o amar
Já te revivi tantas vezes
Já sonhei acordado na realidade
Sinto tanta emoção ao olhar para ti
Tenho uma casa colorida na minha inventada cidade

A solidão pode enlouquecer-nos um pouco
Porque pintamos os barcos de branco?
Porque os pintamos da cor das casas?
Porque somos tão tristes na voz que devasta o coração mudo?

Este vegetar de palavras, este poema
Este esperar da ferida
Esta maldade de manha louca
Esta minha silenciosa espera, rouca

A fonte que jorra a sede
A sombra vasculhando a dor da rosa
O espaço provável do vazio encontro
Todos os dias acordo perdoando a demora

Enlouqueci...
Violando o pensamento
Risco o Mundo
Digo a verdade mentindo

Pois...
Contemplemos as paixões lúcidas
Nas ruas escuras pela luz
Nas irreprimíveis asas dos anjos

Deixem-me ser pássaro apreciando a noite
Ser golfinho de crista de onda
Deixem-se ser milhafre sem poiso na ilha
Ser pedra do mar rolada

Deixem-me mesmo ser louco
Por acreditar tão pouco
Deixem-me voar com asas faz de conta
Deixem-me ficar...BALOIÇANDO NO INFINITO

segunda-feira, 11 de julho de 2016

ABENÇOADO POR DEUS


Acredito que nesta Terra imperfeita, em que todos estamos em fases diferentes da evolução dos nossos espíritos, ainda com lições por aprender, é possível que todos nos confrontemos com um ato imperdoável cometido por alguém que não se encontra numa fase avançada como nós. Quando isso acontece - como aconteceu comigo -, a resposta não passa por nos culpabilizarmos, nem oferecermos um perdão que não é sincero, o que levará as outras pessoas a sentirem-se melhor, mas nos deixará a consumirmo-nos no ressentimento. A resposta passa por, seja de que modo for, permitirmo-nos seguir em frente e fazê-lo de modo elevado. Se isso conduzir ao perdão, ótimo. Sendo esse perdão demasiado para este meu coração terreno, coloco nas mãos de Deus e apelo a Ele, seguindo o meu caminho, respeitando a minha carta de vida.
Quando o perdão está para lá das nossas capacidades, colocamos nas mãos de Deus...

“É TÃO TRISTE QUANDO O CORAÇÃO É POBRE E A MENTIRA SE TRANSFORMA NA VERDADE DAS PESSOAS PEQUENAS”





























sexta-feira, 8 de julho de 2016

OUTRA ESTRELA NÃO TENHO


Ser é existir apenas em amar-te
Em tu me amares
Ser é a esperança em cada riso
É a crença deste caminho que percorro

“O que quer que ames ama-te”
Com o teu amor
Acendeste-me a luz da alma
Vivo, amo, porque a morte é o ato de regressar

Tenho um sol inteiro
Um castelo altaneiro
A saudade do amor primeiro
Tenho tanto, nada, rosa, sal fogo

Secretamente
Entre a sombra e alma
Existes como a brisa que passa
Como a água muda de vestido em chama

Reverberante
Sais do mar com as ondas na cabeça
Vestes-te de sal e sol
Por saber de ti esta ilha vestiu-se de azul

Saberás
Quantas vezes te amei sem ver
Quantas vezes te procurei estrela por estrela
Sabes, nos sonhos sou apenas uma criança perdida

Não faças das feridas
Um edifício de dor e firmeza
Nunca serei um mar desmentido
Apenas a flor final do dia

Sabes quantos azuis celestes há nas hortênsias?
Sabes quantos segredos escondem a espuma?
Sabias que tudo o que arde num peito é estrela?
Sabias que tenho a verdade numa mão nua?

Por onde passamos
Em nós nunca se instaurou o outono
Entre tantas raízes este coração perdido
Na terra...OUTRA ESTRELA NÃO TENHO...

sexta-feira, 1 de julho de 2016

IMPROVÁVEL


Não me esqueças, lembra-te que te amo
Faltou-me tempo para celebrar os teus cabelos
Enquanto o Sol não sobe às colinas da ilha
Tu repetes a multiplicação das ondas

Já vacilei pelas ruas, pelas coisas
Já dormi em túneis habitados pela Lua
Tudo era alienavelmente alheio
E tudo ardeu no céu azul desta alma nua

O Mundo é dos outros e de ninguém
Os teus olhos no reino dos pássaros um altar
A ilha o poiso dos anjos
Devias ser a primeira palavra do verbo amar

Sabem?
Fui uma criança pobre
Tive fome, frio, dor
Sabem?! Já mendiguei amor

Sabem?
Já senti a navalha e o frio do chão
Tive medos, bateram-me, feriram-me o corpo
Sabem?! Já fui condenado pela mão de um mentiroso

Sabem?
Deixei de querer ser pessoa
Deixei de acreditar nos homens
Sabem?! Há homens que são merda, não coisa boa...

Também mulheres para que conste
Algumas, muitas, todas...
Não! Há mulheres anjo, estrelas doces, deusas
Há também no mar alforrecas

Há ribeiros tristes
Mulheres alegres vomitando maldade
Há um coração nobre que se ergue ferido
Nesta inventada cidade

Há um menino no inverno de uma janela
Nasci nu sabiam...?!
Pedi pão, enxotaram-me com gesto de mão
Já enchi de presentes muito duro e frio coração

Já me deram o papel de vil criminoso
Já me chamaram artista notável
Já fui pássaro de asa ferida
Derrotado é... IMPROVÁVEL...