
O vento corre apressado vindo do Mar
Já não oiço as andorinhas nos rochedos
As ondas de Agosto são castelos de sal
Esta ilha é degredo de muitos medos
A ilha recebe as gotas do choro de um deus
As hortênsias adormeceram no barro
Um coração bate triste magoado
Um sentimento no peito amarro
Hoje tal como ontem perdi o olhar mar adentro
Senti um errante aroma vindo do norte
Senti que as nuvens corriam apressadas
Senti que a paixão tem que ser forte…
…No coração de quem sente, sentido
Trovas ficam esvoaçando no tempo
Um beijo sincero pára o relógio
O universo ilumina este momento
Pisei um tapete de folhas de fogo
De pés descalços segui sem rumo
Só parei no meio de nadas
Senti o ardor do Sol quando estava mesmo a prumo
Ah poeta de contida fúria
Marioneta de um deus irónico
Amarrado a cordel fino
Com ar de falso cómico
Descobri que a música é bater de coração de anjo
Que a noite aprisiona o dia em ironia
Que um golfinho é feliz quando se solta do mar
Que o Sol foge envergonhado ao fim do dia
Descobri…
Que a minha alma flutua à noite sobre o corpo
Que viajo sem fronteiras, sem limite
Que um barco carrega a saudade de porto em porto
Neste cais que de negra pedra
O nevoeiro brinca com a espuma
Adormeço no feitiço do vento norte
No verde tapete destas…Ilhas de Bruma…