
Num salão mal iluminado
Desenhei pernas de mulher que suspiram
Uma ave das sombras e luzes baratas
Um sonhador andar em quatro patas
Uma pose cheia de maneiras
Um chapéu de coco e sete pulseiras
Para afugentar os espíritos
Apenas os bons
“Não há maus espíritos”!
Apenas gente gorda expelindo um ar cansado molhado
De rendas e suor
Este poeta na boca de gente da treta
É apenas um estupor
E se pensam que repenso o passo
Esperem pacientemente num traço (do Pintor)
Farei uma sangria com alecrim
Sobreviverei ao nevoeiro das manhãs eternas
Embriagado de satisfação e cansaço admito aos quatros ventos
Não aguentar-me nas pernas
Porque sou apenas um pássaro, um pardal
Sem canto, sem penas...