
Escrevo-te esta carta como quem me vê chegar
Pareço uma ave quando ainda é primavera
Há poemas que crescem sozinhos
Compreendi que é preciso sorrir, correr outros caminhos
Há coisas de outrora vivas sem nome
Se viesses por aqui partindo não importa donde
Vou esperar-te a qualquer hora em qualquer estação
Há milhares de sentimentos vivos neste pobre coração
Queres comungar comigo a calmaria do Mar?
Guardar com os olhos o azul do celeste
Amansar num abraço a fúria do vento
Amar com amor um sublime momento?
Recordo as fontes onde já bebi
Há tantos países por conquistar
Poemas, tantos por escrever
Eu apenas te quero sentir, ver...
E apenas vou renascendo devagar
Tocando os poros da terra rubra
Sabes, não há muito mais porque morrer
Sigo os teus passos na areia a tua delicada sombra
Conheço os caminhos brilhantes da alegria
Já percorri as ruas imaginárias da memória
Já fui barco à deriva em mar bravio
Já venci a irreverência das águas de um rio
Vou decompor a solidão
Subir uma colina desatenta da ilha contigo
Vou voar nos olhos de um milhafre
Quero ser amante, amor, amigo
Serei o ultimo habitante da tristeza
Corpo solene de paixão por decidir
Serei golfinho, baleia no canal
Na viagem vou enganar o partir
Vou sorrir como as aves numa alegria adormecia
Ancorar o meu barco numa baia azul e farta
E como sei que não me irás ler
Decidi, escrever uma...Carta...