
Chove de mansinho no barro
Frios são os pensamentos neste fim de dia
A ilha escureceu em sobressalto
A bruma envolveu tudo num manto de nostalgia
Os acordes de uma guitarra afagaram meu peito
Um pássaro esqueceu-se de voltar ao ninho
Uma Mãe olha embevecida um catraio
Que acolhe em sua boca um seio que transborda carinho
É uma incontida força o amar
Amor é palavra usada sem preconceito
Umas vezes usada apenas pelo desejo
Às vezes nem eu a sei usar de jeito
Eu não uso a palavra amar
Não sei amar de palavra vestido
Sei apenas que quando amo
Solto o imenso, o todo
Sei lá o que sei!
Parece-me saber muito sem saber porquê
Sei mundo, céus e pequenos infernos
Sei sabendo de olhos cerrados o que a alma vê
As pedras são mesmo pedras
Quando alguém as atira para magoar
As flores são sempre belas
Quando dão cor ao verbo amar
Vou esperar por uma onda que sei
Vir do norte em busca da pedra que sou
Vou esperar pelas buganvílias rubras
Vou sentir o sal da maresia no sítio onde estou…
Numa restinga de negro basalto
Onde as gaivotas fazem ninho
Onde as tempestades adormecem
Onde já vi dois amantes envoltos em carinho
Vou ajudar uma alma aprender a sentir
Uma paixão ganhar cor sem ter companhia
Vou ensinar uma criança pobre a sorrir
E transformar…A Eternidade em mais um dia…