sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O APANHADOR DE ILUSÕES


Plantei sonhos de andorinha
Num mar arável afoguei a solidão
Apenas porque é Outono e tem gosto a ilha a saudade
Sabes?!
Tem tanto amor imaginar-te amando nas mãos em construção
Pelos paços gastos de menino antigo cansado de caminhar
De mudar o suor de todas as coisas, melancolia
Ou por tudo o que há de bom ressuscitar sempre
No esconder das mãos por entre um sonho por acabar
No devorar de todos os beijos possíveis
O canto de pássaro no chamar
Uma cidade inventada, uma praça, uma hora marcada para te encontrar
A noite se aproximando quando sinto a ansia do recolhimento
Nesta ilha, na solidão do crepúsculo verticalmente duradouro
Explode a chama da tua lembrança em tons ouro
E penso, imagino-te
Nos olhos cerrados da manhã infinita
Como companheira das horas transparentes
Por isso:
Que a palavra nunca se recolha amarga
Que haja sorriso no balanço do pensamento
Que a noite do descontentamento suspire definitivo
Recolhendo a palavra triste
Porque:
Caminhando está o recomeço de tudo, também amando
Perdi penas contradições
Joguei pragas ao vento, toquei mil corações
Descansei na areia como as gaivotas
Este... APANHADOR DE ILUSÕES...




quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O SANGUE DAS SOMBRAS MUSICAIS


Um bando de pássaros cai do céu sorrindo
Um homem cozeu-se á parede com medo de viver
Vi uma estrela do mar dependurada num portão
Sou um delinquente da palavra que cativa o teu coração
Embriagado de satisfação e cansaço admito ao espírito do mar
“ Que ainda sei, sinto e quero pintar docemente o amar”
E brindo com sangria e alecrim
Visito todos os espaços de um coração vazio
Navego numa calmaria agitada, nos braços de um indomável rio
No olho da cidade um barco navegante
No céu da ilha uma gaivota desce em voo rasante
E eu...
Nesta solidão bailando no infinito
Nesta espera de incontido grito
E eu...
Na espera do improvável preso no tempo
Limpo a água do rosto nas velas dos estais
Apenas porque há feridas que se esquecem
Tal como... O sangue nas sombras musicais...

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

NO MEU PALCO


Mil guerreiros correm pelo mar infinito
Um milhafre solta Um grito de vitória
Perseguindo os brilho das armas ao amanhecer
Despedaçam nuvens com sonhos de fogo
Plantam na vida felizes memórias
Estive contigo quando o amor morreu
Cheguei ao mundo quando o encanto amanheceu
Estive no mar quando o mar amansou
Estive na partida quando a incompreensão chegou
Mas diz-me coisas sobre as magnólias
Fala-me do voo eterno da gaivota
Vem sem me perguntares pelo amanhã
Atira ao mar qualquer esperança já morta
Escreve a cor vibrante á tua porta
“Vem ou deixa-me morrer com a tua lembrança”
Vem docemente como papagaio colorido de papel
Com a lucidez dos espelhos e água inquieta dos ribeiros
Menina...
Cobre-te de névoas e flores
Pinta o teu rosto de carmesim
Sente as pancadas de Molière
Descalça os pés e atira as palavras mais alto
Vem habitar...No meu palco...



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A CONSTRUÇÃO DE UM SILÊNCIO


Há quem me largue socos quando apenas quero viver,
pela revolta da pedra,
há também quem me sorria num sorriso louco,
com a maldade tatuada no coração.
Estes ventos que correm húmidos pelos corredoras da ilha,
um céu aberto pelos vales da carne...
a dor por apagar nos leitos maravilhosos,
parada na imensidão das horas,
esta criança num corpo grande que silenciosamente chora,
alma presa á terra,
este querer que agora quer partir, preso entre o chegar e ir embora.
A construção e um silêncio na palavra feroz,
a vontade nas mãos do algoz, peixes azuis,
andorinhas do mar, quatro pedras para o corpo aconchegar,
uma apenas para o coração parar, para a vida deixar de medrar.
Sacudo o pranto, afasto o desencanto,
quebro o quebranto, sou o rei dos mendigos,
sou madrugada sem brilho, sou um pagador do pecado,
a esperança de um filho, um tudo preso ao quase nada...