terça-feira, 7 de julho de 2015
LAGOA PURPURA
Era o nosso murmúrio das hortênsias
Numa barca navego nos olhos da vida
Na obscuridade de um gemido sou ilha perdida
Na consciência do amanhecer abro os olhos para não ver
Perscruto a voz calada
Amarro as mãos ao desentendimento
Não há nenhum barco pronto para partir
Neste silencio que envolve as paredes, neste cais de medos
É manhã de solidão
Sem sol na alma, sem paixão
Acendo uma candeia à oração
Transborda um cálice parado em meu coração
Não tenho rosto
Este corpo perdeu a voz
Esta ilha abafa a sombra que me ensombra
Entre mim e a saudade há apenas maldade
Nestas pedras onde moram séculos
Este mar sempre girando à volta
Este limite das montanhas separadas do céu
Tenho as mãos cansadas de saudade pelo fechar de uma porta
Conto todas as manhãs o despertar dos pássaros
À minha volta a luz foi sempre insuficiente
E no entanto esta alma persiste na alegria
Por consentir a tristeza vencida serei da terra o primeiro habitante
Nunca medi a longitude da distância
Nunca acreditei no querer sem esperança
Acredito numa mulher imensa dentro de um homem
Esqueço tudo na palavra de Deus...Amém
Todos os dias há um louco que me sorri
Nasci e fui agasalhado pelo vento
Chorei e fui abraçado pela chuva
Amei e num soluço só recordo um momento
Hoje não era dia para abraçar a poesia
Não dormi, vagueei pela ilha numa noite fria e dura
Dei por mim sem saber onde estava no meio da água
Estranhamente mergulhado numa...LAGOA PURPURA...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Linda poesia!
Ler este poema é como navegar em um rio mágico. Os peixes são palavras.
Quantas recordações nessa belíssima poesia de vida!
Destaco:
"É manhã de solidão
Sem sol na alma, sem paixão
Acendo uma candeia à oração
Transborda um cálice parado em meu coração"
Bjs.
...Onde está, mais adiante um lindo barco para te embalar nos sonhos...
Beijinho doce:)
Enviar um comentário