
São de água meus pensamentos
Nas folhas das hortências por abrir oiço a ilha
São de incenso o odor da lembrança dos meus sonhos
Ardência das minhas palavras, ausente maravilha
Nunca regressei a uma saudade
Trago o amor amordaçado em gaiola aberta
Cego e solitário, sou peregrino descalço
Ausentou-se o nevoeiro, desfez-se o abraço
Fui aclamado, segui só sem andor
Não há tapete de flores para os caídos
Não há clemência para os esquecidos
Não há coroa de louro para os vencidos
Hoje sorri feliz co as primeiras amoras
Pedi aos santos uma ajuda que nem sei
Um cheiro de solidão cresce entre o negro basalto
Rezei baixinho de olhos fechados para o alto
Que ilha descubro em ti
Arquipélago de baleias e furiosos ventos
Murmurantes lágrimas caem em linho puro
Rasguei velas de moinhos, neste Maio maduro
Senti o corpo ceder à dor
Que importa o que sinto quando dizem minto
Que importa o que todos sentem
Se por todos o meu sentir sente que já não sinto
Se falassem as minhas mãos
Diriam que não são minhas, que são afago de um deus
Se mostrasse a minha alma ao vento
Ele diria que ela já nada sente
Estava eu aqui calado a ouvir o murmúrio dos dias
Nestes dias apetece-me correr pela terra
Tocar as nuvens, vencer um mar bravio
E sentar-me nas pedras deste…Cais de Silêncio…
14 comentários:
Às vezes apetece mesmo a este cais do silêncio.
Muito bonito.
Bjs
A veces necesitamos decir lo que nos emborracha de rabia, con rabia, pero luego necesitamos el equilibrio del silencio y luego el silencio equilibrado de la poesía...
Profundo y maravilloso.
Un abrazo.
É sempre um prazer passear nos teus poemas, com todos os sentidos bem despertos, para me impregnar dos sabores que exalam teus versos.
Parabéns, poeta :)
Às vezes o silêncio também pode ser ensurdecedor! Gostei muito das palavras.
Beijos e sorrisos poeta.
"Se mostrasse a minha alma ao vento
Ele diria que ela já nada sente"
Não seria possível tal afirmação sobre uma alma que pertence a alguém que sabe amar e sentir tudo o que a natureza tem para dar.
Grande abraço
Um gosto ter estado aqui.
Foi bom.
Voltarei sempre que possa.
Saudações
Irene Alves
"Trago o amor amordaçado".
rsrsrs Ele é complicado.
Beijos!
Há sempre uma luz
no outro lado do cais
Os teus pensamentos matam sedes de quem te bebe os poemas.Um abraço.
Os teus pensamentos saciam sedes de quem te lê os poemas.Um abraço.
Os teus pensamentos matam sedes de quem te bebe os poemas.Um abraço.
Olá!
Um belo poema onde a sensibilidade do Profeta, está à flor da pele. Parabéns.
M. Emília
serviu-me...
"...Estava eu aqui calado a ouvir o murmúrio dos dias
Nestes dias apetece-me correr pela terra
Tocar as nuvens, vencer um mar bravio
E sentar-me nas pedras deste…Cais de Silêncio…"
Beijos em teu coração, Profeta!
São esses dias barulhentos de vida que nos fazem por vezes pensar no silêncio que nos colocamos e a vida passa e há flores espalhadas pelo solo, basta acreditar.
letras profundas Poeta.
bjão!
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