sexta-feira, 26 de julho de 2013

ORGULHO E PRECONCEITO


Os deuses choraram o dia
Uma voz nasceu nestas águas
Senti o canto de pássaros imaginários
Chego aqui com tanta sede, tantas mágoas

Fui hoje um trovador das sombras
Senti um anjo verter lágrimas azuis
Senti o engrandecimento de um fiar de angústias
Senti velas, mastros, estais

Esta chuva que resvala no silêncio
Retornei aos meus silêncios onde não existe dor
Não ouvi o tremor do sino esta tarde
Esta chama que não esmorece, que teima, que arde

Crepitam risos na distância da verdade
Lavarei os pés neste frio barro de pobreza
Não espero palavras nem voz de amor
Não pintarei sem cor, não desenharei tristeza

Sete pássaros cruzaram o milheiral fugindo à morte
Imaginei um jardim de encantamento e ventos
Subi uma montanha azul inventada pela loucura
E dei por mim a imaginar palavras em boca pura

Grande maluco que és...!
Bela cabeça para criar tolice e cabelo
Às vezes penso que sou amado neste inverno de desamor
Outras, um perdido fio de emaranhado novelo

Não faz mal meu rapaz
Cá se faz, cá se dorme para esquecer
Sobre o meu muro hoje agitaram-se pombas brancas
Pensei em ti, julguei ver

Sobre as pedras o dia apenas deixou a voz de uma menina
Disse tanta palavra com a verdade vinda do peito
Quede-me tombado com este tristonho dia
Esqueci o meu…Orgulho e Preconceito…

8 comentários:

Célia disse...

No desabar do orgulho e do preconceito, surge a real razão do viver plenamente. Bela poesia da vida!
Abraço, Célia.

Elzinha Coelho disse...

Que belo poema. Palavras moldando o imaginário, não é fácil desenhá-las, mas você o faz com talento e doçura.
Parabéns!

Um beijo meu

Paty Carvajal disse...

como me faltan palabras, te envío abrazos y besos de estrellas. Eres pura profundidad que aflora.

Con mucha admiración por tu arte...

saludos, paty

Chellot disse...

Saudades de suas poesias.
"Retornei aos meus silêncios onde não existe dor"

Uma fuga para o interior; voltar para o casulo ou para o ventre materno.

Beijos doces.

toda estranha disse...

Nem dá pra dizer como é bom estar aqui denovo..

=)

AnaMar (pseudónimo) disse...

Tanto tempo sem o visitar e continua a ser um Poeta maior...

Rita Freitas disse...

Muito bom, palavras muito fortes.
Gstei imenso de ler.

Bjs

luar perdido disse...

Nesse silencio onde não existe a dor, trilha o caminho do sonho, eleva os olhos ao puro azul inebriante de um céu sem mácula, enterra os pés no cobalto dessas águas profundamente belas, e deixa que as hortênsias te enfeitem a fronte....Permite que o ar vindo das encostas te beije os olhos fechados e ....Deixa apenas correr o silencio no teu coração, sem Orgulho nem Preconceito.
Adorei o poema, como sempre.

Beijo meigo de luar