terça-feira, 16 de setembro de 2014
ALMA ANTIGA
No êxodo deste dia triste
Aguardo a noite, companheira da solidão
São assim os poetas, tudo sentem na palavra
São assim estes tolos de mole coração
Há um abismo entre mim e as pessoas
Há uma corrente de vento de encontro ao céu
Há um pássaro inesperado que morde o tempo
Há um estúpida viagem de vida sem momento
Uma vez pedi a alguém
Vem comigo como se o Mundo estivesse acabando
Há abismos que se formam nas fronteiras do nosso corpo
E há um cais com um vagabundo já morto
Leva-me contigo gaivota
Como se fosse ave, e ave rara sou
Leva-me contigo para o fim do Mundo
Ou outro Mundo, irei, vou
Lembro-me das invernias, das tempestades
Lembro-me de ser eu ilha, perdida no recorte dos montes
Deixem-me lembrar, lembranças, de manhãs cinzentas
Deixem-me sobrevoar todos os horizontes
Deixem-me em paz!
Deixem-me seguir em frente como não importasse mais nada
O que fazem os pássaros à noite?
Rezam, cantam mudos, como esta alma calada?
Que vida tão repleta de penumbras
É sempre assim quando ao corpo me assalta a dor
Sou uma ave cansada que não ruma a sul nem a norte
Uma sombra sem luz, sem sorte
Talvez seja um colecionador de bátegas de chuva
Um desenhador de sombras com luz às costas
Um rezador de rezas, com velas, sem gente amiga
Qual nada, apenas uma...Alma Antiga...
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2 comentários:
Que beleza sentida em palavras !
Parabéns por tão magnífica poesia...
Manoela Do Monte.
Li e reli seu belíssimo poema, concordo contigo caro profeta, o poeta é um ser
transformador. Parabéns pelo irretocável poema.
Desejo bom domingo.
Saudações!
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