terça-feira, 4 de outubro de 2016
PROMETO PERDER
Venho ter comigo num país encantado
Sou ilha à deriva no coração de pobre
Trago-vos as mãos vazias embrulhadas de silêncio
Sou um estranho, por dentro vim nu em dia suave
Tenho as mãos amputadas pelo amor
Tenho no coração preso um grito de perdão
Tenho uma dor que dói mais do que a dor
Tu sabes, tenho por ti um infinito amor
Já fui pescador de nuvens
Apanhador de sonhos impossíveis
Já fui palhaço disfarçado de palhaço
Já fui gaivota perdida no espaço
Fui água, fogo, medo, raiva, contradição
Paladino do amor, criminoso sem perdão
Já fui rico com pobreza e pobre com nobreza
Já fui grande, comi no chão, orei na mesa
Dormi numa cama de pedra
Cuidei com os olhos do azul do mar
Saltei ondas com golfinhos violeta
Já fiz amor faz de conta, acreditei numa peta
Deixem-me aqui sereno
Ouvindo o grito da agonia, ou de alegria talvez
Este grito de ave que vem dentro de mim
Levem-me em correria pelas lagoas, como se fosse a ultima vez
Sabem?!
Fui o rapaz mais pobre da ilha
Fui até chamado de enjeitado
Tanta vez senti isso: ser rejeitado
Por ti...por ti... por ti...
Uma vezes chorei, outras a mim menti
Nesta vida de merda
Mil vezes morri
Mil vezes fui julgado
Outras tantas condenado
Já andei de corpo açoitado ao léu
E nunca me abandonou a Mãe de Céu
Deu-me rosas para o coração despertar
Deu-me sinais que não quis ver... PROMETO PERDER...
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3 comentários:
Olá:
Perder? Não senhor!Então darás esse desgosto à Mãe do Céu?
Muitas pessoas são enjeitadas, sabes? Isso é mau, mas é sempre andar...não querem, não queiram.
Espero ver-te escrever de forma mais alegre.
Beijinho doce
Muito lindo!
Um amor que não morre é uma dor permanente no coração. É uma corrente que agrilhoa os passos, tolhe a alma, e prende ao chão de lava já fria.
Um amor que se colou à pele, como se segunda pele fosse, não permite ser despido. Nega-se a abandonar o corpo do qual tomou a forma, tomou posse e fez morada.
Este é o grito do poeta com a alma ainda em chaga. Este é o apelo do poeta que não desacreditou do amor, mas a quem a dor ainda amordaça.
Não prometas! Promessas são gaivotas sem asas, presas ao chão de uma praia solitária e deserta. São as ondas de um mar azul cobalto que vem morrer nas falésias, são hortênsias que o tempo se esqueceu de fazer desabrochar. Não poeta, não prometas... Nem perder nem ganhar.
Um poeta só pode mesmo..... Viver e Sonhar.
Beijo de doce luar
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