quarta-feira, 19 de outubro de 2016
SOLSTÍCIO DE AMOR
Ou será esta uma proposta de encantamento?!
Azul é o tempo que fala de búzios novos
De ventos ansiosos percorrendo os caminhos lentos do amor
Sabes: é possível dilacerar as fronteiras do sentir
És mulher
Vem sem violentares as palavras
Ninguém repara mas, o teu sorriso ficou em mim para sempre
Como tugúrio na paisagem, solta voz, fogo devorando a lagoa, mágoas
Talvez seja um arbusto inquieto
Encolhido num regaço fértil, sem me conheceres
Poeticamente cheio de amor
Preparando todos os amanheceres
Nem tudo o que faço pode estar errado
Nenhum amor pode estar fechado
Por entre o tempo incolor averbado
Na tua distância sempre tão perto
Podia ser apenas uma palavra aflita
Derramado em finos segmentos
Habitando o lado negro da Lua estranha
Algures no despertar da sombra cativa
Esta solidão grave incompartilhada
Pobre poeta, mendigo dos seus desgostos
Chorando e rindo desalmadamente da madrugada extensa
Este homem que sente, respira e pensa
Como a caricia serena do mar
Como o orvalho transparente das manhãs
Como este outono com gosto de vento nesta ilha
Como o teu amor envolto em maravilha
Este herói desconhece o fim da batalha
Recolhendo na hipnose dos sons os passos do teu chegar
No cerne imperceptível do papel branco
Há um punhado de amor esperando o despertar
Um trevo de quatro folhas, a voz calada da ternura
Uma rosa breve singela flor
O gemido de um cego, o cálice que embebeda o louco
Uma oração neste...SOLSTÍCIO DE AMOR...
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3 comentários:
É possível, sim, dilacerar as fronteiras do sentir, quando o sentir se traduzir num simples trevo de 4 folhas. Quando a alma do poeta se soltar das amarras da dor e vogar, plena, serena, livre, sem peias que lhe tolham as asas e o voar, qual gaivota, de azuis pintada, de verdes inebriada e de dourados vestida. É possível sim, que um punhado encolhido de amor, floresça num recanto sossegado de uma lagoa profunda, como uma oração aos pés da cruz.
Sem violentar as palavras, nem os sonhos em botão, sem tropeçar nas raízes de um Solstício que se adivinha, mais do que se vê. Sem acordar a madrugada que, docemente, se vem aninhar nas caricias do mar, ou nos orvalhos das manhãs outonais, ou na oração que deste "Solstício de Amor" se solta mansamente.
Que suavidade, que leveza e ao mesmo tempo que profundidade de poema! Será o trevo um presságio de boas novas, de bem querer?...
Beijo meigo de luar
"Há no mar, revolto de fúria incontida, a certeza da presença,
a fome por matar, a sede por aventurar, a dor a espreitar,
e há o fogo em cada olhar. E há a mansidão nos pastos a verdejar.
Há o frio, o agasalho, o pão, o ralho, a mão calejada de pelejar.
E uma beleza intemporal, um sonhar acordado e um morrer a cada passo
para logo ressuscitar.
E sempre o mar, salgado mar, e o verde, de louca esperança
a invadir a alma, a vestir o corpo, a coroar cada sonho.
Há um mar, eterno e único mar, onde o mundo acorda e dorme,
onde a vida ainda vibra...Ainda acontece... Há um mar - Este mar!"
Beijo de luar
Olá:
Como sempre, belo!
Nem sei o que dizer.
Beijinho doce
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