quinta-feira, 7 de setembro de 2017
A INSUSTENTAVEL LEVEZA DE TE QUERER
Conduzo um sonho
Ergo-me
Subo ao mundo
Ninguém pode mudar o que sinto
Na certeza de te querer não minto
No cheiro do descontente inverno
Ventos de contradição e segredos
Fustigam meu coração com espadas de chuva
Ás vezes é melhor matar a fala
No dizer quase nada
Talvez tenha vivido no teu mundo
Nunca viveste no meu
Talvez seja um Arcanjo perdido numa ilha
Talvez seja apenas um louco ateu
Talvez...
Seja o pranto da noite
O sibilar dos corpos
As mãos se procurando
Na preparação do carinho
O amor, o aroma de um ninho
Talvez...
De te tocar, surja o sangue
Rasgando a transparência das unhas
Numa derrotada madrugada
Uma mulher de boca molhada
Indicando o barulho do mar
No silencio do amor por fazer
A insustentável leveza de te querer...
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1 comentário:
Penso, Poeta, que ninguém quererá mudar nada em ti; nem o que sentes, nem o que fazes, nem o que sonhas. Muito menos o que és. Mas ainda assim, se houver alguém que a tal se atreva, tenho a certeza que jamais permitirás que te calem a voz. Que te tolham os sonhos, que te roubem os desejos, ou matem as palavras, ou a força das tuas cores. Não! Isso eu sei que não permitirás. Sabes porquê? Porque isso é o pulsar da tua alma, a carne do teu coração, e a luz do teu olhar.
Talvez tenhas vivido no seu mundo, mas porque dizes que ela nunca viveu no teu? Tens assim as portas tão trancadas, as janelas tão perras que não as abres à vida? Ao amor? Ao sonho?
Se assim é, é pena; a verdadeira beleza da vida e do que a rege e organiza e move, está precisamente em abrir todas as portas em rasgar todos os véus, e permitir que flua o sangue, e se tiver que manchar... que manche, será a cor que as pétalas de uma rosa branca absorve ao desabrochar, serena, nas margens de uma qualquer silenciosa lagoa.
Ah, Poeta! Como é leve esta tua "insustentável leveza de te querer".
Uma pérola brilhando, singela, numa madrugada de poesia.
Beijo de luar
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