sexta-feira, 29 de setembro de 2017

MORDER O CORAÇÃO


Encontrei o inverno, senti o sabor da chuva
Calcei luvas brancas, toquei um anjo de transparências
Olhei para uma pétala de rosa sem destino
E como se o mundo estivesse acabando
Acalmei o choro de um triste menino
Senti meu coração inquieto como a espuma do mar
Falei-lhe de fadas, castelos, de rios mansos
Dobrei uma folha e fiz um papagaio de papel
Abriu os olhos, sorriu
Uma brisa suave passou por ali
O papagaio subiu...
E de repente a paisagem encheu-se de cores
Despertaram na ilha todas as flores
As baleias cantaram no mar
Deus anunciou o seu chegar
Vieram primeiro os anjos perseguindo o brilho do amanhecer
Tal como pássaros inesperados nas manhãs claras
As portas abriram-se nas casas forçadas pelo vento inquieto das almas
Fosse porque fosse num de repente
Estendi a mão
Escreveram a palavra paixão na palma da minha mão
Acordei deste sonho confuso
Quando...senti Morder o Coração





1 comentário:

luar perdido disse...

O que morde o coração do Poeta? Saudade? Solidão? Desamor e tristeza? Ou apenas um pesadelo de uma noite de invernia...
Quem sabe o sabor da palavra "paixão" escrita a fogo na palma da mão...

A alma do Poeta está confusa como as brumas de outono....

Beijo de luar