
O Mundo não pára
O tempo corre em louca vertigem
O sortilégio da luz inunda o dia
A água corre na sua eterna viagem
Saberás que o encantamento
Que um olhar de amor liberta todas as mágoas
Saberás que a plenitude é miragem difusa
No espelho de água de sete Lagoas
Folhas de mandrágora colhidas ao coração da noite
Feitiço feito de mil quereres depositados no sonho verdadeiro
Coração de Arlequim, lágrima presa ao canto do olho
A paixão maior nasce sempre do amor primeiro
A primeira vez, a primeira dor
A primeira ida, a chegada primeira
Uma tempestade assola as casas do sul
Um coração decide calar-se em batida derradeira
Um arco-íris aponta a morada dos seres feitos de água
Os jardineiros da terra suspiram de pena
Uma gaivota soltou as penas, cancelou o voo
Que actor sou, deixei muda e esta sentida cena?
Soluços de gotas caídas do alto
Estão mudas as estrelas, o vento parou um momento
As pedras da ilha estão brancas de maresia
Uma mulher abre a alma e solta um lamento
Ou será um chamamento?
Esta constante procura do sitio da paixão
Esta flor de sal doce de travo triste
Esta falta de ti envolta em solidão
Caminhante, caminheiro, assombração
Poeta rimando o passar das horas
O errante perfume das rosas toldou-me o pensamento
Porque ris de mim, porque ris com riso e por dentro choras?
Palavras, escrevo tantas
Que fervor é este meu Deus
Porque me enlouquece a alma às vezes
Porque sinto o mundo pintado de pecados meus?
Talvez por te ter e não ter
Talvez seja apenas um ser de esperança
Talvez lá bem fundo perdida no tempo
Ainda floresça uma...Aliança...