domingo, 29 de junho de 2014

O IMPÉRIO DO SOL



Esta cabeça não para
Este pensamento alucinado
Esta alma que tudo colhe
Este coração de mal-amado

Este ser descalço vestido de fé
Esta viagem longa, imensa, dói
Só, sempre só, este imenso Mundo
Este mergulho ao profundo

Estes pés descalços
Estas pedras afiadas, lâminas
Esta ânsia de ajudar, de amar
Esta maldade que me atinge em chamas

Tenho fome de sinceridade
Não consigo entender a maldade
Puta de vida! As pessoas não prestam
Este é um dos sentimentos que ainda restam

Hoje acordei num clarão
Pensei ser Deus a tirar uma foto do Mundo
Tenho sede de acreditar em algo
Tenho o corpo flagelado de castigo

Então rapaz, para onde vais
Vão-se quebrando as colinas onde me abrigo
De vida em tempo recolho água e pão
Sobrevivo graças a esta força, este coração...

...Que não para de bater
De quantas Luas se fará ainda meu destino?!
Já perdi algumas vezes a razão do viver
Já acendi uma vela para orientar o crer

Já enverguei o manto do Senhor
Rezei ontem e pedi paz e amor
Estive só como sempre a vida ordenou
Pedi luz e perdoei quem me infligiu dor

Por estes dias a noite mais escura aconteceu
Por estes tempos decidi continuar a trilhar sozinho um destino
Decidi abrir as velas ao vento neste atol
E procurarei...O Império do Sol...

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O TEMPO SORRIU



Um dia descobri a cor do Mar
Descobri que as gaivotas são pedra de sal
Que os golfinhos são os olhos de Deus no Mundo
Que mora em mim tanto crer em meu profundo

Pensei que nunca saberia falar do Mar
Vesti-me de corpo inteiro para o sentir
Repousei na areia qual barco em espera
E desenhei na mesma um desejo, uma quimera

Os sonhos são isso mesmo, sonhos
São uma longe e demorada estrada
São um sorriso, fé, momento
O silêncio do querer, alegria, sofrimento

Com a sua idade indecisa
Este vento lembra-me o vazio da maldade
Com este alento que sugere a subida aos píncaros
Inventei uma feliz cidade

Inventei pessoas transbordantes de amor
Uma lamparina na casa onde moras
Inventei a palavra que faltava do verbo amar
E li numa parede velha: “ALIANÇA DAS COBRAS”

Não gostei da frase confesso
Como sou crente detesto a palavra serpente
Entre os muros de pedra onde antes havia um verdejante vale
Deixei promessas de verdade, de puro amor, um presente

É na vida que continuarei a plantar sonhos
Sei que tal como os pássaros hesitarei na abordagem dos ramos
Nunca terei medo da noite que chegará sempre
Continuarei a pintar sorrisos, apagarei desenganos

Por tudo isso o que não é pouco
Resolvi fazer um feitiço
Pendurei alecrim no teto da cozinha
Fiz um defumadouro, com chapéu de bico, barba e bigode postiço

Não resultou como já se aperceberam
Errei na poção de amor, pôs “amar” a mais
Numa nuvem de descrença aquilo explodiu
Que tolo és poeta...O Tempo Sorriu...

terça-feira, 24 de junho de 2014

PEDRA ARA



No afago das vagas dorme a ilha
No final de todos os caminhos existe a paz
Sem bússolas, sem mapas, sem rumo
Este Sol imenso que ilumina meu destino

A estrada do céu é infinita
Folheando livros esquecidos encontrarão a minha história
Serão palavras dispersas num céu sem luz?
Serão beleza, exaltação, feliz memória...

Serão o que for
Neste anseio louco de tocar as estrelas
Neste coração a pulsar ao ritmo das vagas
Na grandeza silenciosa e contemplativa não guardo mágoas

Para alguns
Os sentimentos vão e vêm como nuvens
Às vezes são a crista negra de um penedo
Às vezes imensos, às vezes metem medo

Nos sonhos não podemos falhar
Sem querer, já magoei pessoas
A minha vida nunca será reflexo de outra
Mas, são tão falsas as pessoas, todas

Às vezes amar não é um sentimento, é um dever
Às vezes uma fatalidade
Às vezes damos por nós acreditar que é possível
Às vezes pensamos ser verdade

Há uma prometida viagem ao meu espírito
Aprisionei os ponteiros de um relógio
Nesta sensação de ser diferente um sentimento partiu
Olhei a vida, o tempo sorriu

Brilha neste ser a pureza de primaveril aurora
Meu Deus ensina-me a procurar “TE”
Quero manter o meu nome, ser concreto
O amor que nos ama é tão incerto

Talvez volte a esta terra numa tarde tranquila de gaivotas
Tenho sede de morrer para este destino
Nestes dias para além de uma esquecida Primavera
Deixem-me na paz, este tonto, como dizia minha Mãe, este menino

No resplendor dos dias aquecerei meus olhos
Porque esta alma continua, não para
Toco de leve esta mesa onde celebram o TEU sacrifício
Beijo esta...PEDRA ARA...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

SUBLIME SENTIR


Acordei e bebi o meu silêncio
As manhãs são a luta da neblina e do Sol
Hoje vou vestir-me de simples homem
Não serei artista, nem barqueiro de um triste atol

Não sei, se ouvirás a palavra inatingível
Neste respirar de um novo dia dos pássaros
Intemporais e silenciosas são sempre as estrelas
Assim como o amor, assim como em ti o louvor

Sob o céu sem nuvens
Hoje, aqui, em qualquer outra parte
Este é o ultimo tempo de um Setembro que se avizinha
Folhas de cristal, raiz de pedra, uma terna espera

Pediram-me que falasse na saudade
Disse que não sabia, apenas sentia
Pediu-me uma grande Amiga tua que falasse de Ti
Disse que por ti, nunca saberia o que dizer, que fiquei, não parti

Disse que quando flutuo em teus olhos
Somos uma ilha verde e outra azul
Disse que teus ondulantes cabelos negros
São barco navegando na brisa a sul

As pedras que me lançaram
Imperturbável, já as lancei sobre as ondas a espaços
Este Sol sereno, teimosamente arde
Sobre o chão dos meus passos

Sabes, nunca saberei o que dizer do fascínio das pedras negras
Ficarei sempre triste na partida dos garajaus
Seguirei sempre o voo das cagarras
E amar-te-ei eternamente sem fronteiras, sem amarras

Já ouvi pararem teus passos algumas vezes
Já lavei do meu coração íntimas feridas
Já te tive plena em oração
Já andei perdido no deserto das errâncias e senti tua mão

Escrevo este poema na transparência da música
Um dia disse-te: “não há duas reais verdades”
Um dia disse-te: “nunca te afastes do que será”
Nunca deixes de crer, não mates as saudades”

Ainda guardo a inocente idade de plantar o vento
Sobre o orvalho das maçãs há uma menina que não quer o partir
Serenos como os teus olhos, uma lágrima, crer
Assim é este...SUBIME SENTIR...

sábado, 14 de junho de 2014

MEU AMOR...



Há um momento na nossa vida
Em que nascemos de alma confiante e nova
Escrevo com insistência estas palavras tingidas de amor
E descobri mais em ti nas palavras que se abrirão em flor

Tal como uma ave que abre espaços na Primavera
Serás sempre vibrante de paixão
Não há coisa mais importante para o poema
Do que a lágrima que aprisionei derramada do teu coração

Na distância sinto-te mais perto
Prometi a mim mesmo abrir teu coração de par em par
Quando as hortências forem mar de único azul
Construirei uma casa para nunca mais me desencontrar

Sabes...!?
Falei de Ti a uma pessoa especial
Perguntei que faço, que digo, que espero...?
Não serei derrotado pela madrugada, não quero

Não haverá mais descontentamento nos meus Invernos
Não haverá reserva do meu pensamento desperto
Não haverá mais duvida nas margens do silêncio
Não haverá mais reserva, apenas o concreto

Este poeta estendeu todas as palavras na tua mesa
Este poeta atravessou montanhas para celebrar um filho
Este poeta morde o chão e chora quando o seu querer não alcança
Este poeta nunca venderá de barato a esperança

Falemos pois dos suspiros dos pássaros
Lembremos que a dor não define objetivos
Libertei do mar barcos de cansadas âncoras
Libertei as duvidas ao som de sinos festivos

Importas-te que fique contigo apreciando a noite?
Não insistam trazer-me postais de um realidade gasta
E como contigo não importa mais nada
Buscarei novos pontos cardeais e direi a alguns, basta

E voarei na bruma evitando a penedia
Plantarei na tua varando uma planta com flor
Direi a ao mar, soltarei ao vento
Quem és...Meu Amor...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

SEMENTES DO OLHAR



Não direi o teu nome a ninguém, ainda
Só poderei responder ao eco do meu próprio nome
Como Garça, soubeste ouvir o sonho
De túnica de anjo amarás este ser bisonho

Há céus escondidos sob as tuas vidradas pálpebras
As alegrias das memórias do que ainda somos
Na fonte do imaginável e irreal te encontrei
Cruzarei a terra, plantarei florestas para dizer que te amei...

Amo...
De mil soldados não sairá um poeta
Já aprisionei esta guerra de loucuras
Já plantei todas as palavras puras

A minha paixão por ti é uma recusa à fatalidade
Nas folhas caídas ainda mora o verde da fascinação
A felicidade não nos pertence, estou certo
Mas senti-a nos teus olhos, tão perto

Por isso a tua imagem gravita nos trincos do meu pensamento
Teus cabelos soltos floridos são raios da madrugada
Amo-os, esguios, soltos, como o livre pensamento
Trago-te uma hortência fresca para eternizar um feliz momento

Já te disse: “Há um lugar entre fronteiras onde tudo faz sentido”
Há tanto a florescer de pequenos nadas
Há em ti a reinvenção do gesto das gaivotas amanhecer
Há em ti a fonte de milagrosa água onde a saudade pode beber

Às vezes é preciso acordar o silêncio
No gesto demorado de abrir janelas
Para mim, nunca serás uma menina sorridente acenar num cais vazio
No meu abraço, nunca te aprisionará no tempo o frio

Travadas as portas abrem-se devagar
Levei seis felizes dias para aqui chegar
Descobri uma terra entre dois mares
Lancei nela...Sementes do teu Olhar...

sábado, 7 de junho de 2014

VERBO QUE CANTA


No rumor do crepúsculo a esvanecer
Rasguei os caminhos da ilha contigo
Percorri estradas e ofereci-te palavras
Na verdade, olhei teus lindos olhos de cansaço noturno...

...Lágrimas...
Vi teus lindos e ternos olhos a chorar junto aos meus
Vi amor, saudade, vontade...
Quantas vezes terei que te dizer adeus?

Há um momento na nossa vida
Em que renascemos na memória feliz
Ontem recriei a cores e os aromas do mundo
No espaço dos anjos, estás no meu mais profundo

Menina do Mar
Quis levar-te onde o mar devolveu meu Pai
Menina dos meus olhos, sem contradições
Que cresceste nos umbrais das estações

Na ardência de todos os sentidos
Sei que no Sol e no Mar existem outras dimensões
Tal como eu, Deus viu em ti a sombra das rosas
O resplendor de duas lágrimas unirão corações

Entreguei-te todas as minhas verdades
São tão íngremes os degraus do tempo
Na passagem alta de uma ave
O ar liberta o odor dos sonhos passados, por um momento

Gosto do teu riso, da tua voz vestida de meiguice
É prodígio plantado num jardim
Toquei-te temeroso a mão
Meus Deus, como sorriu este coração

Que noite...
Descobri a mesma encantada ilha nos teus olhos
Toquei imperturbáveis cabelos na claridade
Descobri que é impossível morrer a saudade

Vez agora a mudez dos fazedores de neblinas?
Na minha alma tu levitas como um anjo de água
Há um templo nesses teus olhos enublados
Porque o meu sonho é maior que a palavra

Vez agora que ainda me deves um dia de sete?!

Derrubarei contra o tempo, altos e inumeráveis muros
Sei que o amor acolhe-se, não se espanta
No prodígio de uma oração solto este...Verbo que Canta...

DEDICO ESTE POEMA A UMA PESSOA QUE AMO

terça-feira, 3 de junho de 2014

QUANDO TE LEMBRARES DE MIM

QUANDO
Perdem-se as memórias nos espelhos
Esta minha ilha tão perto do Mar
Um odor de ti sorriu à lembrança
Inexplicável é o deserto onde perdeste o amar

Abro as mãos às tuas ultimas palavras
Ficará suspenso o pó do amor nas sombras
Escrevo para que oiças um Violoncelo
Nelas encontro tristes gaivotas em suspenso

Com este Mar sempre em fundo
Com este oceano de hortências que pintam a ilha
Com tudo aquilo que sou e sabes quanto
Com a pedra e água de uma aurora de espanto

Vim de um longe, onde sorriem as acácias rubras
Cheguei num nevoeiro matizado de errâncias
Lavei as minhas íntimas feridas nas águas de uma lagoa
Amar-te-ei, neste verão de descontentamento, até que, a alma me doa

Nesta ilha, onde há uma pedra, também há uma flor
Há a fé, o milagre desencadeador de uma paixão
Nesta ilha, há a bênção do sangue o do pão
Há um aguaceiro que promete pacificar meu coração

Inimagináveis são os espaços da minha alma
Sou a dimensão uma branca página inteira
O desfio de um verde rasgando o azul
Porque o poeta nunca se perde, nunca adormece, esquece

O amor límpido dos pássaros lembra-me teu rosto
Há um lugar entre fronteiras onde as coisas fazem sentido
Partimos aos poucos para lugar nenhum
Há uma verdade tão simples, um querer incontido

Nunca ficarei à espera do adormecimento inadiável
Estendo os dedos ao destino com a mão aberta
Gostava de visitar o lugar onde brincam os golfinhos
Gostava de habitar o lugar onde os pássaros fazem os ninhos

Gostava...
De te dizer o inadiável das palavras
Que há um sentimento que teima não ter fim
Pensa apenas no Mar...Quando te Lembrares de Mim...