quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O TEMPO DO MAR


Faz frio ou é o canto das lágrimas
Numa parede que escorre
Não há luz na solidão tremente
Há a presença de Deus quando se ausenta o pensamento
Quando era menino encontrei uma estrela do mar
Levei-a comigo para o caminho iluminar
Descobri que as estrelas no coração de um menino
Nunca se devem apagar
Sabem...?!
A força do amor vive no coração de um poeta livre
Sonho-te num corpo eternamente abraçado
Como náufrago adormecido nos braços de uma sereia
Já comi o pão que um anjo mau amassou
Já bebi a vida num cálice de maré cheia
Já orei para uma santa de porcelana
Disfarçada com pele de mulher
Disse baixinho tanta vez: “seja o que Deus quiser”
Quero tanto...quero-te...
Por isso:
Cobre-te de névoas e flores, veste as cores da ilha
Sorri no gesto singelo do reencontro
Planta uma buganvília no alto de um monte
Da cor da lava sejam as flores
Vem traz a pureza dos campos
Fruto exótico das minhas miragens
Voa no vale dos milhafres
Vem para no meu coração te plantar
Vive de mansinho no Tempo do Mar...




quinta-feira, 24 de agosto de 2017

O INFINITO EM TI


Acordei hoje numa ilha encantada
Sem casas, nem campos, apenas com flores
São puras as madrugadas
Tem por manto o calor do vosso verde
Cheguei aqui agasalhado pelo vento
Num choro calmo, num gesto eterno
Não vim de mãos vazias
Carreguei as mais belas palavras ditas no céu
Encontrei a cibernética ou o ódio das coisas
Descobri as raivas que vieram depois
Mas, deixemo-nos disto!
Descobri-te...
Há sempre uma luz para o inicio dos gestos
Um aconchegamento novo, a vinda de crianças com as mãos vivas
Com os olhos cuidando do azul do mar
“ Há sempre um jardim em mim onde floresce o amar”
Em mim
Há águas mansas e flores eternas
Uma tempestade de nome saudade
Uma alegoria pintada em mil esperas
A chegada feliz de todas as certezas
Nunca ninguém irá para longe dentro de mim
Nasci numa manhã de Abril, morri e renasci...
...No infinito que há em ti...


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO


Este verde sorridente em pálpebras vidradas
Um novo dia de solidão tremente
Escutei em cabelos as ondas
Escutei nos lábios a palavra sincera
No abraço o fim da espera
Escutei num tremor a sincera emoção
É tão efémera a real paixão
Escutei-te...
Esta ilha que há em mim coberta por névoas e flores
Sabiam que aqui as flores cantam no começo da madrugada?!
Que amar sem amor é dar com mão fechada?
Mas, se amas, vem
Anjo feliz vestido de transparências do céu
De mãos suaves e felizes, fruto das minhas miragens
Vem, traz a pureza da água, o murmúrio da noite no encontro da madrugada
Não venhas de mão fechada, vem com tudo e sem nada
“Serei criança breve ou gaivota ferida
por um amor com sede de infinito”
Mudo grito...
Poeta caminhante em busca do tempo perdido...


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

SONHO DE COR PÚRPURA


Entre tantos olhos e sorrisos
Perdi-me na solidão das sombras
Procurei uma boia num poço de silêncio
De pupilas secas e ardentes vi a doçura do teu rosto
Rezei sem fé no sol posto
Sem uma voz, um amigo que nascesse num desconhecido
Sem asas numa ilha aparecida em flor
Num verde em constante metamorfose
Este pensamento de madeira crua por pintar
Esta solidão apenas por ainda te amar
Grito de pássaro num ninho sem maçãs maduras
Cinco dedos apertando o instinto crispado
Um poeta passa sempre e morre vivendo
Na sua voz calada ama
Uma mulher imensa que dentro dele nunca se apaga
E esqueço, tudo esqueço levando à testa as mãos
Uma caricia sem sede
Um caminhar sem medo
Uma alma solta do degredo
Um piano enquanto escrevo
Uma emoção, a palavra que abre o coração
Uma flor ou a cor das falas
O fogo consumidor dos dias vazios
A viagem de sete rios
A vertigem de uma emoção que nunca para
num
SONHO DE COR PÚRPURA