sexta-feira, 30 de junho de 2017

O JARDIM DOS SEIS SENTIDOS


Acordei com o aroma das flores da ilha
Respirei nas sombras musicais
Desenhando corpos na luz da enigmática aurora
Como se abrisse uma passagem secreta para um mundo de coisas simples
Na composição perene da tua alma
No sorriso dos invisíveis habitantes da Lua
Contigo num vale vestido de verde protegendo o amor
Escrevendo as recusas que ninguém mais tem
Esculpindo o Sol com as pontas dos dedos
Afugentando a dor
A duvida é saber onde procura a sina distante
Ouvi num instante de pele o teu coração chegar
Sabes?!
Sem ti, sou um poeta vagabundo, na fronteira entre o mar e o mundo
Cantando num jardim a Lua prateada
Sem ti, sou apenas a hesitação do olhar de um girassol
No apagar da chama que brilha e divaga
Talvez um construtor de jardins de sonhos
Vou pois, aconchegar maresias aos mantos de hortênsias
Construir um lago com golfinhos sorridentes de chapéu de coco
Um bando de gaivotas vestidas de rosas breves
Um cavalo marinho a trote indicando o teu norte
Um banco de jardim com um cofre sentado
Onde guardo e te ofereço todos os meus secretos sonhos
Pintarei um coração apaixonado numa árvore
Neste jardim dos seis sentidos...


quinta-feira, 22 de junho de 2017

SOMEONE CAN FIND ME SOMEBODY TO LOVE


Não tenho muito lugar
Penso, isto é uma ilha
Sei que sou ilha
Não tenho na partida a cor da nostalgia
Se visse um barco vencer as rotas de solidão
Se visse um passaro vencer rotas novas
Gostava de dar um novo nome a cada voo
Para ti um prato tiritante de beijos
Uma carta onde lavro todos os meus ansejos
Um papagaio de papel de seda
Uma hortênsia no peito suave de uma dama
Na ilha as flores são pingos caídos do céu
O amor e a fé são cobertos por singelo véu
Destaparei teu rosto
Beijarei teus olhos
Dir-te-ei que sei amar com amor
Na singeleza do azul que veste uma flor
Como anjos transparentes
Como um sonho longo navegando contigo
“Não importa encontrar qualquer infinito”
E sem querer pintar uma tela de mágoas
Viverei num ninho sem maçãs e palavras amargas
Levarei ao teu rosto uma caricia sem sede
Pensando numa palavra ou em Deus
Na misterioso fia da cor
Como os pássaros que habitam a noite
Como o gesto de imenso pleno
Sussurrando...Meu amor...

quinta-feira, 15 de junho de 2017

ESPLÊNDIDO NÃO


Algures uma gaivota procura o ninho
Um pedinte toca num cão rafeiro com carinho
Algures uma criança brinca no alcance do horizonte
No esquecimento do mar brincando, na altivez de um gelado monte
Baloucei no infinito
Lembrei-me da estupidez e soltei um mudo grito
Violei uma porta velha e gasta
Entrei e disse basta!
A fresta que rasga os olhos ao cego
A canção tardia que abala a voz do dia
Uma mulher que não sabe se fica ou segue
De mãos metidas no papel
Esperei a ferida em sorte
Tanto golpe, não tocaram as minhas asas
Subi aos céu para não ser ferido de morte
Às vezes sou um poeta cheio de sorte!
Louco...!
Que grita aos sete ventos
Baloiçando no infinito
Exigindo um nome
Vertendo lágrimas, perdoando a demora
Por este instante de água fresca
Violando o pensamento
Na fonte que jorra o esforço
As maçãs de Setembro não têm gosto
Porque sabes?!
No escuro o silencio é coisa demorada
O amor sem amar é a soma total do nada
Este poeta é um menino que chora e coxeia
Enxuga as lágrimas e planta a paixão
Às vezes faz sentido dizer à vida
Um Esplêndido Não!


quinta-feira, 8 de junho de 2017

ANJO DAS PALAVRAS


Pensa em mim
Depois de termos dito adeus
Recorda-me tão imutável como o mar
Pensa em todas as coisas que vimos
Imagina-me fazendo impossíveis
para da minha mente te afastar
Faz tanto tempo, parece-me fazer
Promete-me pensar
Pensar em mim Anjo dos meus sonhos
Onde neste mundo te tens escondido
Em sonhos vejo-te
Oiço-te numa voz vinda de cima
Murmurando o meu nome
Deixarei a mente vaguear, concede-me a tua glória
Quero esquecer sombrias histórias de amor
Porque esta alma muda foi visitada pelo anjo das palavras
Permanece ao meu lado, guia-me
Dentro do espelho está a outra parte do meu rosto
Espera-me até ao sol-posto
Partilha cada dia comigo, diz que me amas, partilha comigo
Onde quer que vás, convoca os teus anjos
Diz partilhares comigo que eu logo te sigo
Que o nosso esplendor nunca se desvaneça
Na sensatez do prudente silencio, secretamente em segredo
Todos os instantes do dia, diz que precisas de mim
Deixa-me ser teu abrigo, um mundo sem noite
Um amor uma vida sem mágoas
Deixa-me ser para ti
O Anjo das palavras...




sexta-feira, 2 de junho de 2017

SEE ME



A saudade
A sede que se sente
Quando a ilha nos aperta o coração
E observo
O frio dos abismos sem principio
Uma gaivota repentina
Levando consigo o sofrimento
Não espero cartas
Nem por um momento
Não escondo as mãos por entre o sonho
Tenho em cada poro o amor e a dor que senti
“Morri todos os dias a esperar por ti”
Acho que tudo o que há de bom
Devia ressuscitar sempre:
Alegria de um músico triste
A palavra pintada de ternura
A esperança de uma alma pura
Este crescer de quem devora as coisas
Este esgotar nos lábios a poesia infinita
Este instante de lembrança de amor perdido
Violando o pensamento
A voz do fundo da garganta a cada instante
Dizendo: SEE ME