
Procurei a minha perdida ilha
Por mares e ares, numa demanda
Será Antília, será uma senhora de nome Atlântida?
Que me deu em sonhos esta carta de marear estranha
Na bolina enganei o Vento
Seguro firme este leme que não largarei mais
Tatuei meus sonhos na brandura das velas
Fiz juras de amor junto aos brandais
Conferi o rumo com um golfinho zombeteiro
Uma baleia branca sorriu em brancura
Um bando de voadores peixes cruzou comigo
Um peixe-anjo subiu na vaga e sorriu com ternura
Contei cada vaga que me afagou o olhar
Lancei em sorte uma esperança esquecida
Quanto sal tem a beleza da maresia?
Para onde viajam os sonhos de uma gaivota adormecida?
Para onde vão as palavras bonitas
Para onde partem os corações sem rumo?
Para onde caminha um Poeta louco
Quando o Sol se põe a prumo?
Não sei!
Nunca saberei domar esta maldita razão
Que me invade esta enganosa paz
Que enlouquece a pena em minha mão
E depois a noite, mãe das sombras
Tudo pára no adormeço, solta-se o medo
Apenas uma réstia de vigília em meus olhos
Brota do fundo de mim um antigo segredo
Uma bizarra história!
Com duas marionetas em palco nu
Uma que foi levada nas asas dum ceifeiro de almas
E eu que fiquei neste mundo frio e cru
Porque era preciso um fito acabar
Encher mil corações de sublime luz
Lavrar as palavras em cristal água
Escrever a magia que me seduz
Então partiste sobre o meu choro
Mas invadiu-me uma estranha calma
Já sabia que teríamos em sorte o imenso
Uma troca divina...Alma por Alma...