
Não há fogo que aqueça
Esta alma tão cheia de contradição
Não há tormenta que conheça
Não há para um louco a palavra não
O vento enlouqueceu por estes dias
Ah este negro manto que cobre a ilha
Este nevoeiro cegou o meu querer
Esta vida que teima em ser, vida perdida
A dor assaltou-me o corpo
Percorreu uma triste viagem
Passou pelo meu coração, molhou-me os olhos
Fechei-os por um momento, senti uma doce aragem
Lembrei-me de tanta coisa
Esta lembrança tão perdida na minha cabeça
Vi tanta gente com ar sofrido de dor
Vi gente que desconheço, que talvez conheça
Há sempre tanta palavra perdida num triste olhar
Há sempre dentro de nós um pouco de Jesus
Há sempre um Anjo que vela por cada um
Há sempre na espera uma sublime luz
E eu que nada sou...
Alguém que apenas em si confia
Nasci pobre tal como Jesus
Até se chamavam, meus Pais, José e Maria
Mas que poema triste dirão
Porque está dorido o poeta!
Talvez por sentir demasiado a dor
Ou ser um simples pateta
Talvez porque as luzes não brilham
Como estes luzeiros plantados no céu
Talvez porque este denso nevoeiro
Deixou em minha alma um frio véu
Percorro passo a passo este caminho
A ilha acordou com com um presente de bruma
O Mar deixou em toda a sua costa
Um colar feito de espuma
E a noite chegará outra vez
Esta é a minha viagem transformada em saga
Sento-me, fecho os olhos e vejo
Uma intensa luz...Nesta Noite mais Longa...