
Uma aragem vinda do sul
Percorre o labirinto do erguido verde
Uma melodia trina nas folhas
Um pássaro ensaio o voo primeiro a medo
O mar continua enraivecido
Neptuno decidiu perpetuar a dança das ondas
E mesmo com o vento adormecido
A tempestade varre este cais de mágoas
Hoje o Sol abandonou a vontade da luz
As nuvens são a capa de um gigante
Os pássaros esconderam o canto
Uma deusa de barro chora o amante
Hoje deu-me para voar
Cavalgar as palavras sem destino
Quisera abraçar a liberdade das asas
Voltar a olhar o mundo pelo ver de menino
É tão pequeno este Mundo
Gostaria de inventar um novo azul
Às vezes as estrelas soltam-se do celeste
Voam rasante as casas do sul
Às vezes sonho com infinitos
Onde a música veste cada criatura
Às vezes fico a pensar baixinho
Às vezes fecho os olhos à formosura...
...Mas abro a alma para acolher
O errante perfume da palavra sincera
Que nasce de um olhar de amor
No derradeiro instante de uma espera
Não me lembro da última espera
Perdi o vapor de uma madrugada passada
Perdi-me no Mundo dos desencontros
Fui dar a uma praça cheia de nada
Sentei-me bem no meio, na terra batida
Soltei pesares guardados em mil anos
Desenhei no barro os meus anseios
Afastei de vez os meus frios desenganos
Olhei para alto e indaguei em voz alta
Lancei à Lua uma mão de beijos
E ocorreu-me perguntar-lhe uma tolice
Será que sabes...Onde Moram Os Anjos...?