
Desceu do celeste pela noitinha
Veio em gotas de puro cristal
Matou a sede a um deus bom
Aspergiu e afugentou o anjo do mal
Matou-me a sede a mim
Lavou da minha alma as dores
Rasgou a terra na procura do mar
Abençoou o eclodir de mil flores
Aprisionou-me olhar
Em sua magnética visão
Tomou-me de assalto o corpo
Molhou-me o querer até ao coração
Eterna é esta água
Eterno é o mar que adormece na areia
Eterna é a noite em seu orvalhado pranto
Será o choro da Lua cheia?
Entrei neste molhado mundo
Desejei para sempre lá ficar
Senti-me pássaro em azul profundo
Planei, sorri neste voar
Um vermelho peixe olhou-me de soslaio
Um golfinho parou, pareceu-me sorrir
Rodopiou à minha volta
E decidiu partir
Subi à tona, estava plano o mar
Dançava alegre uma gaivota
Olhei perplexo à minha volta
Não vi terra, nem desenho da costa
Nadei em furiosas braçadas
Sem rumo, sem frente no adiante
Nesta louca e alucinante viagem
Duvidei de querer descobrir o avante
Só, sou ilha plantada no Oceano
Açoitada por ventos de paixão
De manto verde me deito em seu colo
Esperando descobrir na bruma o rosto da contradição
Descobri uma singela e simples coisa
No meio daquilo que pensei ser mágoa
Que depois de separar o sal de uma lágrima
Ficou este ser feito de...Agua...