
Ocultamos as alegrias na memória do que já fomos
Suavemente na sombra obscura, breve e pura
Caminhamos por dentro na viagem do improvável
E acordamos todos os dias no amanhã devagar com o cheiro da loucura
Falamos atormentadas palavras
Para além do alcance de todos os horizontes
E somos pequenos no silêncio absoluto
Bifurcando a alma na procura de sete fontes
Serei pois guerreiro vencido pela utopia
Desmontando a misteriosofia da noite sombria
É tão difícil acordar num vazio tão profundo
Na paisagem mítica dos milhafres aprisionada á maresia
Uma caricia serena de amor separa-nos da solidão
Pobre poeta sem o conhecimento da espera
Com um sorriso disfarçado de inquietude ou revolta
Pobre rimador que te perdeste nos labirintos da paixão em santa guerra
Pobre homem, criminoso apenas por amar
Com a vontade inexplicável de no perdão abraçar
Por maldições o meu corpo é árvore de esperança
Por contradições serei pássaro sem penas para voar
Deixai-me criar lendas, epitáfios e sonhos imensos
Deixai-me construir uma casa entre montanhas e ventanias
Sou poeta, pedaço de pão, fogo, fome, luz, farol para o vale das palavras
Deixai-me construir um ruído mudo de silêncio na estação das calmarias
Uma criança nova exige um nome
Esta ilha, terra fechando-se em volta de tudo
Este esperar pela ferida que a tua lança guarda
Este crescer como quem devora as raias do absurdo
Esta inventada chuva violando o pensamento
Este meu corpo de sombra recolhendo teu corpo de Sol
Esta terra palpitante aos bocados despertos
Este rumo sem Sol a prumo por mares incertos
Meu Deus, Azna, no meio dos risos surgem os punhais
Esta manhã de Sol na minha viagem da solidão ao som de banjos
Olhei para um celeste de esplêndido azul
E vi...UM CÉU CHEIO DE ANJOS