quinta-feira, 2 de abril de 2015

O MAR DEBAIXO DOS TEUS OLHOS


Tinhas um coração tão quente
A minha voz foi luz suficiente
Corpo solene da esplêndida paixão
Serei no teu amor o primeiro habitante

A minha palavra parece tão inatingível
Amanhã saberei se a vida ainda me quer
Vou procurar raízes nas pedras de uma oração
Em silêncio principalmente te irei ver

São curtos os poentes do Inverno da ilha
São longos os dias senti, sem ti ficam as sombras
Em certos dias a costa é fronteira intransponível
Já só restam deste tempo de solidão as folhas já mortas

Tenho saudade da minha nua rua
Das casas pintadas a cal para afugentar o mal
Das pessoas de sorriso franco á janela
De sentir que antes de um milagre tive sempre um sinal

Hoje vi um Milhafre poisado numa nuvem
Vi um Anjo ajeitar as asas perto de mim
Vi um barco navegar abraçado a uma baleia
Vi o sorriso de uma irónica Lua cheia

As coisas que um louco vê
Também vi a tranquilidade de uma montanha azul
Um Céu com a Cassiopeia a dançar com a Ursa Maior
Vi também um Homem Pássaro a perguntar pela estrela do sul

As coisas que um Poeta escreve
Descalço a saltitar na lava arrefecida
Sem Ti, sem o teu amor
Sou uma insignificante alma perdida

Este é o tempo dos sonhos coloridos
Estonteante e contaminador é este querer
Desenhei palavras para te dizer baixinho num céu crepuscular
Onde te encontrarei para te provar o amar

Nesta longa e demorada estrada
Fui colhendo esperanças aos molhos
Adormeci numa praia de terna areia
Com o Mar debaixo dos teus olhos...