sábado, 11 de abril de 2015

E DE REPENTE O MAR




Quando aqui cheguei
O vento rondava as tristes janelas
Lembro as noites mais antigas
Lembro luzeiros e olhos, almas amigas


De folheta construí barcos pintados de verde
Foram longe e demoradas as estradas destas vidas
Gosto do silêncio da sombra das chaminés
Apetece subir por aí em ondas perdidas

Ainda tenho sonhos de Navios partindo
Gostava de ver um pássaro falando com Deus
Quando nasce no coração de um homem livre uma sombra
Num caminhante sem o rumo do vir embora

Tenho frio escorrendo das minhas tontas ilusões
Um novo dia vindo ao encontro dos desencantados
Este som mudo batendo a todas as portas fechadas
Esta merda de vida de almas mal amadas

Conheci um lugar onde as mulheres congeminam o feitiço
Gostava de descobrir a luz dos caminhos descansar sobre a terra
Gostava de apagar as luzes atormentadas
Morrer e ir para o sitio das sortes penadas

Não é grande coisa este poema orvalhado
Foi o que saiu deste poeta da longa e feiticeira noite
Hoje foi miserável dia de alguns já mortos
Hoje voltei a ser o rei das poucas sortes

Haja saúde, as gaivotas rumaram para nenhures
A Lua desprendeu-se do céu
Sei lá quem são as porcarias que dizem ser gente boa
Eu até ando certinho e não á toa

É o que dá beber o amargo das palavras infelizes
Hoje é hoje e espero que fuja o amanhã
Espero que ardam os corações falsos e pardos
Que algum dia este meu sentir não seja sentido vã

E acabemos esta tormenta de letras
Foram algumas dezenas de tretas
E porque já lá vai o dia das petas de assombrar
Saí do rumo...E DE REPENTE O MAR

2 comentários:

Olinda Melo disse...


O mar que nos salva.
E grande é este poema e este poeta toca em pontos fulcrais da existência. E por isso, as palavras ganham asas e consolam os corações que também esperam.

Abraço

Olinda

luar perdido disse...

Sim e de repente o mar. Esse imenso mar que é a tua alma, o teu coração, a tua essência.
Sim, e de repente o mar, o mar profundo, tenebroso, e inquietante, provocador e arrebatador.
Sim, sim de repente o mar....Do teu próprio Ser.
Belo, como sempre..
Beijo de luar