segunda-feira, 20 de junho de 2016

AS BESTAS NUNCA APAGARÃO ESTA ALMA


Nesta ilha que há em mim, há uma lava incandescente, nesta terra de brumas e nostalgia, rezamos ao acordar de um novo dia. Amanhamos a terra com as mãos nuas e a força que Deus nos deu. Arrancamos ervas e pedras, misturamos chuva e quimeras e descansamos em cais de esperas. Lançamos sortes ao vento, percorremos a ilha passo a passo com mil sentires, rezando a Nossa Senhora, para que amanse a terra nos seus estertores. Subimos ao alto nos olhos de um Milhafre para ver as lagoas, acolhemos na terra as gaivotas fugidas ás tempestades, iluminamos a noite com a chama viva do óleo da baleia e acordamos todas as manhãs com esperança e alma cheia. Nesta terra, a espera é feita do alto de um monte, de mãos postas e olhos no horizonte. Nesta ilha dividimos o pecado e a razão, o milho e a chama, a vontade tamanha que o vão fazer pão... Nesta ilha que há em mim...

Dedico este texto a duas pessoas: à minha Mãe e à Pessoa que amo

4 comentários:

LuísM Castanheira disse...

Aqui sou raiz
sou horizonte

e bebo na fonte
onde a terra em poesia
grita toda a agonia.

Gostei muito.
...e bela vejo
"Nesta ilha que há em mim..."

Tété disse...

É mesmo a "Alquimia das Palavras" e embora dedicado a duas pessoas, podemos senti-lo como nosso porque temos o privilégio de o ler.
Continue a deixar-nos mergulhar nessa ilha através das suas palavras e embora eu já tenha tido o grato prazer de a visitar, digo-lhe que é sempre um gosto enorme tentar revê-la e senti-la através dos seus textos.
Um abraço

bea disse...

Tão querida, a dedicatória!

MEU DOCE AMOR disse...

Olá:

Belas palavras num profundo sentir.Uma ilha a percorrer sempre, o horizonte, as pedras de lava ,os lindos mantos verdes ,o mar azul, as flores e as estrelas...

Beijinho doce