Tenho os olhos molhados da chuva
Tenho um sonho preso no fundo de uma lagoa
Tenho uma saudade que rói no meu sentir
Tenho uma saudade que sei ser boa
Hoje pintei mar
Naveguei nas cores que o sal deixou
Sorri sete vezes de contentamento
Até que uma pincelada ao acaso me ensombrou
Lavei a tela em água pura
Ficou azul e perdeu a formosura
Fiz o papel de deus pequenino
E retornei ao tema com a mão segura
Uma demanda!
Esta minha paixão pelas cores
Pintei tanta ilusão na vida
Pintei amor, contradição, dores
Fica estranha uma criatura
Quando convive apenas consigo
Quando olha para dentro de si
Quando vê em si o melhor amigo
Esta cabeça do poeta é um caso sério
Esta força que me força o sentimento
É lava que corre rubra para o mar
É uma paixão em infinito momento
É tambor que toca pela madrugada
É navio abraçado às ondas
Sou um leme que prende o norte
Sou mais uma de tantas criaturas bisonhas
Anjo, demónio, um arlequim mal-pintado
Um homem que alguns acham sortudo
Uma ribeiro desenfreados de sentimentos
Uma comédia de enganos de um filme mudo
Fotograma verdade, fotograma mentira
Holofotes de ausente luz
O amor vence sempre no fim
A paixão a tudo seduz
Hoje deu-me para escrever esta maluqueira
Ainda bem que chegou o fim do dia
Nesta viagem em que procuro o alcanço
Sei que será...Uma longa Travessia...