sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

LONGA TRAVESSIA


Tenho os olhos molhados da chuva
Tenho um sonho preso no fundo de uma lagoa
Tenho uma saudade que rói no meu sentir
Tenho uma saudade que sei ser boa

Hoje pintei mar
Naveguei nas cores que o sal deixou
Sorri sete vezes de contentamento
Até que uma pincelada ao acaso me ensombrou

Lavei a tela em água pura
Ficou azul e perdeu a formosura
Fiz o papel de deus pequenino
E retornei ao tema com a mão segura

Uma demanda!
Esta minha paixão pelas cores
Pintei tanta ilusão na vida
Pintei amor, contradição, dores

Fica estranha uma criatura
Quando convive apenas consigo
Quando olha para dentro de si
Quando vê em si o melhor amigo

Esta cabeça do poeta é um caso sério
Esta força que me força o sentimento
É lava que corre rubra para o mar
É uma paixão em infinito momento

É tambor que toca pela madrugada
É navio abraçado às ondas
Sou um leme que prende o norte
Sou mais uma de tantas criaturas bisonhas

Anjo, demónio, um arlequim mal-pintado
Um homem que alguns acham sortudo
Uma ribeiro desenfreados de sentimentos
Uma comédia de enganos de um filme mudo

Fotograma verdade, fotograma mentira
Holofotes de ausente luz
O amor vence sempre no fim
A paixão a tudo seduz

Hoje deu-me para escrever esta maluqueira
Ainda bem que chegou o fim do dia
Nesta viagem em que procuro o alcanço
Sei que será...Uma longa Travessia...

sábado, 8 de janeiro de 2011

O TEMPLO DA SOLIDÃO


Acenderam-se os luzeiros no céu
Sussurra a noite a um doído coração
Não há fios que prendam o desencanto
Não há certezas às duvidas de um coração

Nada detém a maré da paixão
És um estuário da minha certeza
No céu há uma estrela para cada um
Na terra uma alma que esconde a beleza

Bruscos sentires os meus
Hoje vacilei na ironia do tempo
Encheste os meus olhos de presentes
Hoje apenas guardo no peito um simples lamento

No silêncio total mora a razão
Ah esta sombra que me invade a alma
A tua vontade obedece ao vento
Neste mar imenso aprisiono a chama...

...Esta lava incandescente
Derramada em meu peito
Faz de mim um pateta diferente
Que nem amar o faz com jeito

Hoje mordi a terra
Senti a frescura deste eterno verde
Senti os aromas dispersos da vida
Este amor orvalhado de feliz pranto...a verdade

Fui ver o mar em chamamento
Depositei o pensamento no alucinante tombo de uma vaga
Através da ressurreição de um sorriso
A oração afugentou uma praga

Descanso na paixão, caminho nela
Quantas estações tem o coração?
Esta pedra angular que piso
Tem tatuada o mapa para a união

Sou um tecelão de sentires
Uma alma inquieta em forma de pedra
Uma folha levado pelo vento
Um insignificante flor que na areia medra

Deste-me sonhos para sonhar
Uni as ondas do mar à tua paixão
Pela terra da minha lembrança
Ergui...O Templo da Solidão...