quinta-feira, 27 de junho de 2013

IMENSAMENTE


Hoje senti o odor de sonhos passados
Veio ao meu encontro uma melodia chorosa
Trago do amor um travo amargo sem saudade
Trago no peito uma inventada cidade

Senti a sombra de uma melodia de Chopin
Segui a rumagem das folhas de verão
Toquei em voluptuosas hortênsias azuis
Uma delas arroxou-me o coração

Sou terra com sede de sol e céu
Elevando as mãos ao destino
Sete degraus e eu parado no meio
Uma escarpa alta, o voo sem receio

Por onde andará o errante nevoeiro?
Uma ilha é feita de pedra e nostalgia
Sou apenas a espuma de uma solitária onda
Sal que se solta no ar e às vezes brilha

Por onde andas tu?
Melhor, por onde anda a tua confusa alma?
Onde mora a tua perdida razão?
Porque habitas este mar de solidão?

As primeiras amoras embaladas pela brisa
A calmaria, o chamamento de amor das cagarras
Uma andorinha do mar que se perdeu
Um coração solto de todas as amarras

Um sorriso franco e cativante
A luz que que desmorona os muros de lava
As uvas ainda são amargas em Junho
Uma mulher que não sabe se ama ou amava

Tão quietas as pedras, ouvem o Mar
Serenos sãos os olhos quando se ausenta a dor
Este lume que aquece um querer somente
Este homem que sente…imensamente…

4 comentários:

Anónimo disse...

"Serenos são os olhos quando se ausenta a dor"
Grande frase!
A solidão é a melhor companhia.
Eduardo Leblanc

Sonhadora (Rosa Maria) disse...


Poeta

Como sempre é um prazer imenso ler-te, tinha saudades de passar aqui.
Estou voltando (ainda devagar).

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Anónimo disse...

Lindo poeta de coração grande!
A tua escrita está cada vez mais, numa rima mais serena que adormece o coração e que me leva para lugares doces.
Há que ter paz para poder sorrir e para escrever...
Bjinhos

Anónimo disse...

Só devemos gostar de quem gosta de nós. Já o meu pai me ensinou quando eu era criancinha, e eu não entendia, hoje entendo muito bem.
A alma nunca se perde, é a mente que perde a lucidez quando o coração não sabe lidar com as suas dores.
Concordo com Leblanc e o primeiro comentador - a solidão é a melhor companhia.