sexta-feira, 7 de junho de 2013

MENINA DO MAR


Se for corrompido meu corpo
Se morrer por não saber senão assim ser
Se a minha palavra deixar de voar
Se as mãos deste poeta não encontrarem um olhar

O eco das tuas palavras reverbera
O fato que abandonei na cadeira
Tinha o aroma de uma rosa breve
Uma amora madura, uma dor certeira

Este é o tempo das buganvílias
As últimas chuvas fecundaram as hortênsias
Há uma criatura encontrada na desordem das marés
Há uma orquídea de coral atirada ao convés

Deixei um murmúrio preso ao ramo de uma faia
Lancei sementes à água dormente
Deixei-te nos cabelos uma coroa
Deixei-te na alma um presente

As palavras desta terra foram sangue e vinho
Da respiração das pedras fez-se melodia
Insondáveis esplendores habitam teu coração
O fascínio do mar preso a uma inquieta mão

Na errância dos pesares
Encontrei a espera de uma casa
Naufraguei nos escolhos de um destino
Há sempre um ir, um caminho

Há sempre cânticos na madrugada
Guardei lágrimas que secaram em lenços antigos
Aconcheguei uma réstia de alegria no abraço
Lancei um avião de papel ao espaço

Voei nele sem rumo ou distância
Há tantas feridas abertas por sarar
Há um areal com penas das gaivotas
E pegadas de uma…Menina do Mar…

11 comentários:

Célia disse...

Essa 'menina madura' encontrará alento no mar, cantará canções do fundo da alma que se reerguerá por um presente maior - sua alma! Belíssimo poema!
Bj. Célia.

Sonia Schmorantz disse...

Que poema mais sensível e bonito!!!
Um abraço

Vento disse...

tão lindo, Profeta!
doce beijo.

Anónimo disse...

Olá Profeta.
A tua sensibilidade poética me encanta. Lindo teu poema. Hoje venho te convidar para a nossa festa de comemoração. E ela está acontecendo porque você sempre se fez presente no meu espaço levando o seu imenso carinho. Deixo meu sincero agradecimento e te espero para mais esta singela celebração.
Beijos com meu eterno carinho
Da amiga de sempre
Gracita

Unknown disse...

Tudo que escreve é encantador
elogios sempre suas belas palavras um poema divino bonito demais
Abraços de um final de domingo cheio de paz
Rita!!!

Rita Freitas disse...

Sim, este é o tempo das buganvílias :)
Adorei ler.

Bjs

Brisa disse...

Belo...o eco das tuas palavras...

manuela barroso disse...

Profeta,
há quanto tempo não ouço as tuas ondas na tua tão linda poesia!
Lindo poema como sempre!
Abraço, profeta

Sónia M. disse...

Um lindo poema!

Anónimo disse...

"Menina do mar" era como o meu pai me chamava, vivíamos junto ao mar em Angola e todos os dias passeava pela praia e brincava na areia.
(um dia ele fez-me um poema: "Menina do mar que brinca na areia")
Obrigada.
Ajudou-me a recordar.
Também vivemos de bonitas memórias.
Flor de Alvarado

luar perdido disse...

Essa menina do mar, é a perola que o oceano profundo guarda, e que se expõe nas alvoradas brumosas de uma primavera tardia. É o odor das buganvílias, o esplendor das hortênsias a florescer, a beleza exótica das orquídeas. Que as pegadas que deixa atrás de si possam ser gaivotas de esperança a povoar a tua alma.
beijo de manso luar