domingo, 6 de outubro de 2013

O JARDIM DOS SETE VENTOS


A Ilha acordou cinzenta
Envolta em manto de finas gotas de água
Sonhei com um Mundo onde floresce a verdade
Sonhei que tinha afugentado a mágoa

Ninguém saberá que uma Ilha começa na nostalgia
Onde se cruzam Milhafres de séria estampa
Nesta ilha lavarei os pés em degraus de negro basalto
Nesta vida já subi tanto, tão alto

Existo na ausência do meu nome
Sou um poema sem rima, sem história
Uma ave do mar que busca poiso em terra
Uma bandeira branca no centro de uma triste guerra

Os deuses não cantam na madrugada
As estátuas ficam para além de todas as memórias
Soltam-se sementes de água dos meus olhos apenas quando amo
Tenho no meu caminho mais quedas do que glórias

São brancos estes muros das casas do norte
É tão inocente a idade de plantar sonhos
Sou um pescador de ventos, cheio de fé
Um aprendiz de feiticeiro, um necromante até

Não sei se alguém espera para além das minhas palavras
Tão quietas as minhas memórias ouvem o Mar
Uma melodia de silêncios faz parar o mundo
Soletro o nome dos que se ausentaram de mim
Orvalhada vida, repleto profundo

Imperturbável é esta minha fé
Esta minha crença no querer de certos gestos
Entre fragores de cor purpura
Mergulho em mim, afugento amargura

Senti vontade de correr no rumor do Mar
CaDa gota de sal me faz sentir mil alentos
Hoje abri os trincos da memória
Neste…Jardim dos Sete Ventos…

2 comentários:

POEMAS AO CAIR DA TARDE DE CELINA VASQUES disse...

Belíssimo poeta! Eu a cada dia que venho aqui capto em minha alma tuas palavras transcendentais...Te aplaudo por tua sensibilidade, teu amor pela poesia, teu talento inigualável....BRAVO!!!!!

Kátia disse...

"Senti vontade de correr no rumor do Mar
CaDa gota de sal me faz sentir mil alentos
Hoje abri os trincos da memória..."
Hoje eu abri os meus trincos de memória e vim percorrer meus blogs bons de se ver...e cá estou!
:-)