terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

ESTE MEU CORPO


Recolhi do Mar o teu corpo de Sol
Recolhi da Sombra o teu escondido amar
Recolhi dos teus lábios a doçura das uvas
Recolhi o teu abraço na partida do chegar

Este transbordante cálice no meu coração
Esta carne que planto no teu corpo de fêmea
Estas palavras tingidas de vibrante carmesim
Esta vendaval de saudade que há em mim

“Quando morrer, não chorem por mim”
Não haverá vazio pois plantei poesia
Quando morrer, devolvam o meu corpo ao Mar
Não digam rezas por um ser que se desencontrou do amar

Os sonhos e as mãos estenderam-se sobre a mesa
Onde havia pão floresceu a ilusão
Onde haviam facas, apareceu a oração
Onde havia vinho, derramou-se a paixão...

...Onde havia amor nasceu o monstro da contradição
Ora! Não devo amar as flores nem acariciar a melancolia
Neste fogo medonho, sussurra um chamamento
Nesta rua deserta das cores só oiço o lamento

Não me deixarei vencer pelas madrugadas sem luz
Não me irei perder nas cinzas da tarde
Não me lembro das cores da escuridão da alma
Não sinto a chama do teu coração que arde

Só o vazio ocupa o lugar de uma mulher amada
Só pede misericórdia ou consolo o pecador
Só ardem de gozo os homens minúsculos
Só quem é amor, sabe o que é o amor

Pescador de tempestades
Este homem bom correndo de olhos vendados
Este Anjo de asas de papel amarrotado
Este sonhador do vale dos condenados

Viram isto?!
O poeta escreve que mete medo, distraído ou absorto
Não chorem por ele quando morrer
Sorriam quando a terra beijar...Este Meu Corpo...

2 comentários:

Açor disse...

Fabuloso este poema, lindo deixas-me sem palavras para descrever o quanto fantástico ele é. Eu serei uma das pessoas que chorão ao ler a tua poesia e sentir a tua ausência quando a terra beijar teu corpo e o mar levar tuas cinzas...
beijinho poeta

Geo Schumacher disse...

Noutro dia pensava... Que frase escreveria em minha lápide que me identificasse. Gostei dessa:
Morri, por amar demais!
Acho que também ama demasiado, que sente demasiado, que toda essa sensibilidade exacerbada é parte do que é, que se consome na fartura ou na fome... Por isso não chorar ao partir, não faz sentido... Chora-se pela falta e não há falta em quem sente ou sentiu demais. Realmente... "Só quem é amor, sabe o que é o amor"

Lindo poema!