quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

VOZ ERRANTE



Naufraguei nesta ilha de névoas
Acordei na areia em aurora de hortênsias de fogo
Bebi das águas de um primeiro Outono
Adormeci nas folhas carmesim de uma tarde sem fim

Encontrei uma deusa vestida de vento
Que me julgou com descrença
Prendeu meu coração, parou o Sol, fez-me chorar
E depois enxotou-me com frio olhar

Viajarei á inocência com ardência da alma
Regressarei da terra onde nunca estive
Como voa este olhar, como ama o coração
Na volta completa de um luar, deixei de ver a paixão

Retorno á crença no fio dos dias
Entre ruinas desenhei mil prantos
Quando toco este basalto negro
Quando lavro com as mãos esta terra de espantos

Ouvi sempre o rumor do Mar
Cresci entre pedras e melancolias
Construí emoções nas colinas do tempo
Engoli o pão e o sonho em tardes frias

Ouvi lendas, pintei memórias
É de verde e água o silêncio da ilha
Esperei ondas enviadas pela distancia
Senti pedras se erguendo, altar, palavra, alma cheia...vazia

No orvalhado aroma das conteiras
No crepitar dos sonhos vadios
Senti nos ombros a túnica imaculada de Deus
Lavei pecados nas crespas águas de sete rios

Tão perto do céu...
Como gaivota de palavras por penas
Sacudi do corpo o resto das dores de uma tarde
Corpo tranquilo, alma que arde

Acendi este lume, aqueci o querer
Pacifiquei meu coração de alma navegante
Contei pegadas das aves do Mar na areia
E lancei ao vento esta...Voz Errante...

3 comentários:

Lídia disse...

POEMA MARAVILHA

ADOREI

1 BEIJO LÍDIA

Tina disse...

Oi Profeta!

Ando sumida dos comments, mas não deixo de ler seus escritos. Perfeito para meu Wedding Anniversary. Obrigada, sempre.

beijos.

Ana Casanova disse...

Muito Belo!
Beijos, Profeta.