sexta-feira, 10 de julho de 2015

LEVIATÃ


Às vezes perco a razão
Espanto as madrugadas
Só a terra parece aperceber-se
Que sou mais uma das almas penadas

Por favor! Por favor...
Ponham-se de pé
Aplaudam o poeta pateta
Por ser o tonto que é

Vai roto, meio nu
Com a alma pregada a água benta
Levo chapéu de vento fraco
Um saco vazio, com Deus um contrato

Comprei três maçãs
Uma mordi sem engano
Outra tinha escrito traição
A ultima quase me parou o coração

Deixem lá o poeta armado em Adão
O mesmo que pintou o nariz de giz
Não teria graça um mundo sem loucos
Eu cá por mim lá vou endoidando aos poucos

O que seria o Mundo sem Mar
Sem o imenso das coisas que vi
O que faria se não mais te pudesse sentir
Sem um caminho que me levasse a ti

Choveram castigos sobre a minha cabeça
Faltou-me a piedade e devoção
Perdi lágrimas na escuridão da incerteza
Já segurei a ternura à palma da mão

Que esperança ainda visto?
Abandonei o Deus das igrejas
Na ilha as hortênsias usam vestidos azuis
Glorifiquei o amor e acabei sempre na companhia da dor

Deixem para lá!
Lá vou eu enfeitando os sonhos
Lá vou trocando ilusões e versos
E carregando esta bruma nos ombros

Deixem lá estar
Vou vestir-me de linho e pobreza amanhã
Para ouvir a palavra amor na tua voz
Nem que seja no meio de um... LEVIATÃ...

2 comentários:

Flor da Vida (Suelzy Quinta) disse...

Poema profundo... Palavras fortes e tocantes.
Muito bom, pura perfeição!
Abraços de paz e luz.

lua prateada disse...

Todos vamos enlouquecendo aos poucos. Mas ainda há loucuras boas..Bjito amigo