sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O FEITICEIRO DE MAR


Tive um pequeno vislumbre de amor
Um instante de revelação responde a muitas preces
E afinal era apena uma hesitação do olhar de uma gaivota
No apagar da chama que brilha devagar numa tarde morta

Um ramo de orquídeas misteriosas
Disfarçando a solidão
No centro abissal dos desertos
Quando me lembras, o que diz teu coração?

Esta alma
É o lugar
“Onde se aconchegam maresias aos mantos de hortênsias”
em escadarias de nevoeiro espero o teu chegar...

...Para te amar
Serás pois uma rosa coberta de manhãs
De reflexos nas ruas cheias de gente
Procurando respostas sem conhecerem perguntas

Às vezes é preciso acordar o silencio das casas
Encontrar o lugar onde as crianças buscam o sonho
E os pássaros hesitam na abordagem dos ramos
Temendo a noite que não chegará nunca ao teu rosto

É noite
Estendendo os dedos devagar na mão aberta
Abrindo vales onde haviam muros
Construindo homens no lugar de casas

Mas falemos de ti
De pássaros breves
Falemos do teu sorriso quente
Falemos das encostas do mar, no amar

Sinto sempre uma necessidade de escrever
Um poema magnifico como o silêncio
Como pão fresco e saboroso sobre a mesa
Do teu terno sorriso num crepúsculo lento

Apenas os barcos sabem dançar nas ondas
Apenas uma rosa para te dar no teu chegar
Apenas um sortilégio para ao teu coração amarrar
Roubado a um... FEITICEIRO DE MAR...

4 comentários:

luar perdido disse...

Por vezes é preciso acordar os muros e dar-lhes humana forma, humano e doce coração. Dar-lhes alma e luz e fogo; como esse que fervilha debaixo do "teu" mar. Há sempre um "feiticeiro" nos abismos desertos das noites em que as orquídeas são os olhos de um amor, amado, ou desconhecido e ansiado.
E depois há o pão, quente e partilhado nos silêncios cúmplices que a noite, de dedos esguios e sequiosos, se apressa a tornar lenta, dolente e rica. Não, poeta, nem só os barcos sabem dançar nas ondas. Os poemas também dançam, as horas (vazias ou plenas) dançam igualmente, e os sonhos e as memórias também se apressam no dançar - pequenos roazes tontos - mas vibrantes. Que a rosa seja o beijo da chegada e o sortilégio a amarração que não deixa o navio zarpar...
Um poema "redondo" de beleza! Lindo, profundo...Teu.
Beijo de luar

Sophysticada disse...

Maravilhoso, sonhei nas tuas palavras.

Bjk@

oteudoceolhar disse...

...como sabe bem o silêncio!
Só os barcos é que sabem dançar no Mar...será?
Podemos trocar a rosa por hortênsias??
Adoro o seu colorido, adoro...
Mas como sempre adoro ainda mais o Mar e um dia ser Gaivota sobre ele sobrevoar...
Bom fim de semana.
Beijo n´oteudoceolhar *

MEU DOCE AMOR disse...

Olá:

A rosa tem um grande simbolismo...

Perfeito

Beijinho doce:)