
O espaço provável do voo de uma gaivota
O peso da idade inadiável
O lembrar do Sol em cada grito
O crescer como quem devora um destino de aflito
Estas mãos metidas no papel
Vasculhando na sombra a dor da rosa
A vos que devasta a canção do mudo
Abortando em cada manha raivosa
Os sapatos num canto
Os presentes de outono
O segredo das águas de Abril
O contar dos sonhos, são mil
O carnaval dos tolos
Um palhaço que não ri
Um poeta mais vivo que morto
Com uma imensa saudade de ti
Um arlequim sem Columbina
Um archote de fogo brando
Uma dama duvidosa piscando o olho
O gesto obsceno de um malandro
Sabes...?!
Já fui palhaço sem rubro nariz
Já escapei da morte por um triz
Já fui criança e gente feliz
Sabes...?
Já fui santo e pecador
Já misturei a verdade com a dor
Já fiz coisas boas, já fui ator...
...Carteirista, arrivista, salteador
Fui golfinho, rei de um país sem gente
Até já fui um pobre pedinte de amor
Até com um sorriso teu fiquei contente
Sou o que sou!
Já fui o ultimo num desafio derradeiro
Já mergulhei onde o mar despeja a sua ira
Vejam bem, até já fui um ...OZ DE FEITICEIRO...