sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

UM TRAGO DE AMOR


Nos degraus da vida
Sentas-te na cadeira do mar
Numa fátua convivência com os anjos
Soletrando o verbo amar

Corres cortinas
Recolhes o sol ao regaço
Com os pés descalços sobre instantes
Com a dança feliz de apenas um passo

Podia ser apenas uma fotografia
Uma pintura de Renoir
Sobre as rosas do silêncio
Na virgindade das folhas, num pensamento

Esta ilha esteve sempre perto do mar
Este mar esteve sempre tão preso a mim
Esta grande e impenetrável noite
Um sorriso de luar sem fim

Sussurro-te:
Quero-te assim
Levanto a água dos teus cabelos
Com as nuvens faço novelos

Estou de regresso de infindáveis agitações
Os lugares imanavam outra existência
Onde algures água pode chegar
Tento ao ritmo do teu sonhar

No teu coração desenhei o limite das montanhas
O saborear a terra de flores frescas
O recolher a sombra do teu corpo de Sol
O tingir dos sons das divinas festas


Não há nenhum barco pronto a partir
Na solidão do crepúsculo da voz aflita
Verticalmente duradouro
Nos olhos cerrados da manhã infinita

No balanço do pensamento
Na noite respingou um suspiro de dor
Ergui este cálice de mágico absinto
Bebi a esperança...NUM TRAGO DE AMOR...

2 comentários:

Aleatoriamente disse...

Belíssimo poema
a canção ao fundo
tudo aqui é belo

Abraço

luar perdido disse...

Sejas bem vindo desse abismo de infindáveis agitações! Mas não brindes com um cálice de absinto, ainda que seja um mágico absinto; Nada - mesmo nada - te trará o amor se não atapetares o teu coração de luz: como pétalas suaves de rubras rosas de paixão e serenidade.
Mergulha, Poeta maior, nas águas de um ritmo de sonho: meigo, brando, eterno.
E sim! Bebe a vida, bebe o mundo, bebe a luz, o sol, a lua; Bebe as estrelas e o mar - tudo num único de preenchente TRAGO DE AMOR.

A sonoridade das palavras entrançadas na descoberta dos caminhos, no ensaiar de passos novos.Fabuloso poema em "vários tragos de amor" bebido.
Beijo de luar