
Nunca serás esquecida
Na desordem da marés
Nessa fotografia ruída pela luz
No olhar de gaivota presa a um convés
Numa distancia infinita mora a tua lembrança
Não posso dar-te a mão: cheguei tarde
Não canto aos deuses da madrugada
Entre ruinas habita o crepúsculo deste coração que arde
Tu és pássaro de voos do olhar
Jardim de todas as estações
Azulejo pintado a carmim
Dois corações
O meu e um que não adivinho os contornos
Porque do lume de ti nunca me aparto
Porque de ti já tentei parir mil vezes, na chegada fico
Nunca parto
De encontro à noite, mãos de viúva
Bordas com fios de luar
Desenhos de saudades
Sonhos de aconchegar
Adormeces, sonhas com um poeta necromante
Voas num céu com capa e véu
Deusa da Lua brilhante