sexta-feira, 19 de maio de 2017

A DOR DE UMA RENUNCIA


Na solidão do crepúsculo
Verticalmente duradouro
A despedaçada boa vontade de amar por amar
O balanço do pensamento
O tempo certo do feliz momento
Uma palavra que se recolhe amarga
No cerne imperceptível duma canção
Porque estando em si ri-se o homem mais infeliz
Na chama das palavras tudo se pode sentir
Num cais de esperas também se pode partir
A sorrir num chorar dolente
O sol sorri na ilha
Se fosse inverno
Se alguém reclamasse um sussurro
No vazio da voz imensa
Uma criança quando chora não pensa
Por tudo isso
Sinto nos poros um calor mais suave
Não espero cartas de fora
Voarei no voo da gaivota
Devorando todos os beijos possíveis
Risco o mundo
Deixando as esperanças à tua porta...


3 comentários:

luar perdido disse...

Porque renuncias Poeta? A que renuncias tu? à vida, ao fogo, ao sol, às nuvens odorosas da neblinas salgadas? Ou aos azuis e verdes onde as hortênsias bebem a cor e as criptómerias criam alma?
É verdade que num cais de esperas também se pode partir, mas é igualmente verdade que em cada espera há a força de acreditar; da palavra espera parte a palavra esperança... Perdeste-a do teu caminho? Volta atrás, Profeta, não a desperdices.... Não desistas dela. Não renuncies a vida, o amor, nem o voo, lento e doce, das gaivotas, nem as reviravoltas loucas dos golfinhos.
Que se abra a porta onde depositas todas as tuas esperanças, que recebas cartas de fora, e que elas sejam portadoras de boas novas. Não risques o mundo, devora antes todos os beijos que te for possível devorar.
Abraça a vida! Ela é curta demais para nos afastarmos dela....

Beijo de luar

Emilene Lopes disse...

Amei sua poesia, linda!

Estou voltando a blogsfera e deixando meu link nos blogs que sigo...
Aguardo sua visita.

Bjssss!

Mila Lopes

Célia disse...

Inteirar-se da solidão do crepúsculo e dele sobreviver com suas lições, ainda que amargas, é viver em plenitude todas as fases da vida. Lindíssimo poema de vida!
Abraço.