quinta-feira, 13 de julho de 2017

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO



(IMORTAL)

Rente á pele o amor, a voz do sol
O azul do mar pintando uma praia deserta e inocente
Rente ao poeta, os dedos cansados
O sono infinito dos canteiros de esperança
Estou cansado!
Do inverno e dos espinhos, das danças macabras
Dos pés descalços e das falas sem sentido
Do corpo sem cor, do chão de pedra dura
Dos calendários de vida que tardam ser inventados
De ser ilha, um homem selvagem, julgado impuro
Vogam no mar meus sonhos ao ritmo da chuva
Riram-se as sereias de alma feia
As baleias no mar azul nadando para sul
Um par de cavalos maninhos dando pinotes
Uma andorinha do mar numa dança de amor
Porque no mar a poesia é flor
Porque é madrugada e sinto
Se disser que não sei amar é porque minto
Vieram de mim os cânticos das igrejas
As orações de desespero, o arrastar dos bancos
O gosto a hortelã, da madeira
Mas, reacendeu-se a candeia anunciando a minha voz
Embarquei numa casca de noz
Refletida em meu grito, reproduzida dentro de mim
Porque nesta vida me perdi de ti...
Serei pois estrangeiro neste corpo meu
Montei um choro
Como se de uma peça de teatro se tratasse
Deixei cair o pano de raivas e o sentimento escondido
Vi o teu sorriso, mãos em aplauso
...Em busca do tempo perdido...







2 comentários:

luar perdido disse...

E se o amor não estivesse apenas rente à pele, mas por dentro dela? Se lhe fosse permitido inundar o corpo, a alma, invadir o coração e preencher tudo, mesmo tudo á sua passagem? E se, rente ao Poeta, a manhã fosse uma radiosa e única aurora? Se o cansaço se transmutasse em beleza, vida, paz, um renascimento? Sabes, poeta, não é só pelas palavras que podemos renascer; não é só pelo querer que podemos renascer; renascemos a cada vez que tocamos o infinito. Esse azul tão profundo do teu mar, esse secreto despertar das hortênsias silenciosas e tímidas nos muros repletos de serenidade e seiva viva. Esse sol que saltita como cabrito recém-nascido, balindo de doce e inocente felicidade. Sim, poeta, o cansaço perde-se, a vida recupera-se, o brilho do olhar agita-se se permitires - se te permitires - ser homem, ser mais que uma lembrança, umas vezes amarga outras doce. Se te permitires rir sem motivo, sonhar apenas porque te faz feliz, ir porque sim, sem importar a onde.

Sê, Poeta, IMORTAL! Sem que para isso te percas em busca de um tempo perdido. Porque, sabes? Esse tempo tem o nome com ele - passado, perdido... "Porque no mar a poesia é flor
Porque é madrugada e sinto; Se disser que não sei amar é porque minto" - não mintas! torna-te mesmo "Imortal".

Beijo de luar

Célia disse...

Você, Poeta Maiúsculo, jamais precisará estar em busca do tempo perdido... Seus poemas sempre serão suas marcas eternizadas.
Abraço.