sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HÁ PALAVRAS QUE SÃO COMO FAZER AMOR


Um brinquedo perdido num baú
Uma cortesã cheia de vontade de servir
Um desejo mesquinho acende o perverso
Uma mulher vestida de verdade acabou de mentir

A chuva que escorre para o alto
Uma ribeira perdeu o cantar da água
A saudade já não mora no cais
A janela do sonho tem um cortinado de mágoa

Uma besta diz que é bestial
Uma criança chora de medo
Absolvição foge da alma do justo
Um coração derrama no chão um segredo

De amor…
Envolto num manto denso de bruma
O sangue de um golfinho foi sacrifício
Que um deus derramou na espuma

Do mar…
Onde lancei uma pedra desencontrada de outra
As pedras também sentem amor
Não infligem apenas dor

Sou uma pedra…
Lava mal talhada pela tosca ternura
Escultura que o sentimento ergue
Sem pingo de beleza ou formosura

E tu quem és?
Cultivadora de canteiro de ódios profundos
Rainha sem reino que trai o rei
Ave que perdida entre dois mundos

Ah este poeta das confusas palavras
Cantador de todas as canções de tristeza
Trovador vestido de arlequim trapeiro
Fazendo vénias a uma imaginada realeza

Que diz palavra sobre palavra
Às vezes fica mudo com um olhar de dor
Dos seus lábios escorrem sons sem sentido
Porque…Às Vezes Há Palavras Que São Como Fazer Amor…

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