domingo, 27 de fevereiro de 2011
SETE VIAGENS E UM SEGREDO
Um coração segue em silêncio
Este silêncio tem a cor do perdido sentimento
Vacilei na ironia do tempo
Fiquei parado no Mundo por um breve momento
Senti este fogo fresco
Mordi este pão de cereal ouro
Secretamente a noite invadiu o dia
Guardei um pensamento como se fosse um tesouro
Ao meu silêncio chegou um riso
O meu desejo mora no limite da razão
Roubando os segredos do corpo
Lembro as tuas mãos como uma torrente de emoção
Lembro que enchi o vazio da tua alma
Enjauladas as asas morrem de dor
A beleza é um momento eterno
É o espelho de água onde se contempla o amor
Esta minha alma navegante
Leme,velas, bússola partida
À deriva navego no tempo
Entre a chegada e uma incontida ida
Majestoso céu
Contei todas as estrelas que deu para contar
Senti que esta lua cheia de hoje
Estava prestes a chorar
E não é que se soltaram gotas do celeste
Esta é a estação onde brilha o coração
Caminhei no escuro envolto em nadas
Senti no meu peito a força serena da paixão
Quanta viajem, tanta emoção
Dia, campos, estações esquecidas
Todos os sonhos que inventei para sonhar
Guardei numa caixa de dores perdidas
A caixa de Pandora!?
Não! A minha é apenas de gasto cartão
Guarda a memória de mil emoções
E uma carta escrita à mão
Mas o Mundo conhece os meus passos
Esta ilha tem sido paraíso e degredo
Na procura de ser feliz
Fiz Sete Viagens em puro segredo...
sábado, 19 de fevereiro de 2011
ORGULHO E PRECONCEITO
Continua a chover no mar
Água na água, sentimento molhado
O Sol que desponta com a manhã
Tráz nos seus raios um luminoso segredo
As camélias brotam em formosura
Um milhafre tomou de assalto o meu olhar
A saudade saltou nas penas de um atrevido pardal
Senti o meu ir na procura do voltar
Não quero sentir o sentir de mais ninguém
Às vezes a dor de alguns é lança afiada
Que me trespassa o peito em agonia
Às vezes fico parado no mundo do nada
Às vezes sou o maior de cá e arredores
Cavaleiro de espada e escudo de lata
Demiurgo de uma história incompleta
Um jogador que perde ou empata
Às vezes dói ouvir a dor
Lavada por lágrimas de água pura
Às vezes morre um anjo na terra
E nasce mais um canteiro de ternura
Ouvi uma voz ontem cantar a despedida
O anúncio de uma fatal partida
Julguei uma voz dar amor em singela canção
Numa emoção tão grande e incontida
Fechei os olhos e ouvi com a alma
Senti um coração bater docemente
Não há raiva no caminho do amor
Uma Mãe partirá suavemente
Um estalo marcará a saída
A confusão é sempre a mesma na passagem
Na espera os anjos têm rosto
Conheço tão bem o percurso desta viagem
Conheço este livro dos sete destinos
Li cada página que me passou ao olhar
Prendi cada gota de orvalho que cai
É mais um sonho solto do reino do sonhar
E sigo adiante nas asas do querer
Rasgo a amargura que me assaltou hoje o peito
Varro da minha cabeça esta tempestade de sentires
Quedo-me neste...Orgulho e Preconceito...
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
ENTRE DUAS MARGENS
A música percorre este corredor de silêncio
O mar mesmo ali ao lado parece adormecido
Assaltou-me um sorriso ao pensamento
Uma nota parou em meu peito e ficou comigo
Estou sentado virado para o mundo
As estrelas hoje não iluminaram a ilha
O vento percorre um caminho inverso ao meu
Este pano de cena fechou-se à maravilha
Um catraio inventou uma brincadeiral
Deixou voar um encarnado balão
Nele escreveu um desejo aos anjos
Vi-o perder-se no aceno de mão
Um disco riscado gira aos soluços
Ficou preso numa sofrida nota de violino
Ninguém deu por isso, neste apressado viver
Acho que apenas eu, vivo em desalinho
Acho que nunca achei a minha procura
Acho que às tantas nunca lá chegarei
Será que dentro de mim está tudo
O que ainda não enxerguei?
Alma essa, alma minha, sortilégio
Um bondoso deus assim quis
Que pintasse a loucura e a razão
Não sei se foi isso que fiz
Não sei, nunca soube porque foge a saudade
Porque permanece no peito, nunca morre
Porque a minha é imensa e incontida
Porque me arroxa alma no peito, explode...
...Tanta vez
Parti numa viagem para tanto além
Nunca tive espera em cada cais de chegada
Nunca parei a viagem também
Às vezes tenho vontade de fechar a porta ao sentir
De adormecer o pensamento e voar feliz
Às vezes solto os braços ao vento
Corro no mundo pelos olhos de um petiz
E olho o horizonte para lá do mar
Sei que me esperam mil viagens
No encontro e desencontro com o amor
Fico preso...Entre duas margens...
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