sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O APANHADOR DE ILUSÕES


Plantei sonhos de andorinha
Num mar arável afoguei a solidão
Apenas porque é Outono e tem gosto a ilha a saudade
Sabes?!
Tem tanto amor imaginar-te amando nas mãos em construção
Pelos paços gastos de menino antigo cansado de caminhar
De mudar o suor de todas as coisas, melancolia
Ou por tudo o que há de bom ressuscitar sempre
No esconder das mãos por entre um sonho por acabar
No devorar de todos os beijos possíveis
O canto de pássaro no chamar
Uma cidade inventada, uma praça, uma hora marcada para te encontrar
A noite se aproximando quando sinto a ansia do recolhimento
Nesta ilha, na solidão do crepúsculo verticalmente duradouro
Explode a chama da tua lembrança em tons ouro
E penso, imagino-te
Nos olhos cerrados da manhã infinita
Como companheira das horas transparentes
Por isso:
Que a palavra nunca se recolha amarga
Que haja sorriso no balanço do pensamento
Que a noite do descontentamento suspire definitivo
Recolhendo a palavra triste
Porque:
Caminhando está o recomeço de tudo, também amando
Perdi penas contradições
Joguei pragas ao vento, toquei mil corações
Descansei na areia como as gaivotas
Este... APANHADOR DE ILUSÕES...




3 comentários:

Célia disse...

Palavras recolhidas amargamente é a destruição de nossos sonhos...
Poema intenso, que já é sua marca!
Abraço.

Maria da Graça Reis disse...

QUE LINDO E INTENSO POEMA.

luar perdido disse...

"E penso, imagino-te
Nos olhos cerrados da manhã infinita
Como companheira das horas transparentes"

Um dia, Profeta, se os deuses da ilha assim o quiserem, e a tua alma e coração assim o trilharem; deixarás de imaginar um amor verdadeiro, uma cumplicidade pura e ganharás asas de gaivota sonhadora e livre. Permites que aconteça. Dás espaço e... deixas-te tocar. Um dia... a imaginação faz-se vida.
É o que te desejo, Poeta do verde e azul; que transformes a imaginação em realidade: mereces.

Beijo de luar