
Fui até ao horizonte
Descobri que não há infinito
Descansei no meio de um deserto
E emudeci este profundo grito
Calei a alma
Aprisionei o sentir deste estúpido coração
Mergulhei o corpo em agua dormente
E lembrei-me de uma esquecida oração
De quantas palavras se faz a melodia?
Para onde caminham os passos de uma criatura perdida?
O que será que pensa um homem caído?
Para que serve a verdade incontida?
Perdi a vela do meu barco de papel
Mil tempestades assolaram-me à alma
Abandonei o leme ao deus dará
E encontrei uma deusa em lágrimas, de perdida chama
Quem és?
Nesta tua demanda de contradição
Porque achas que o sentido existe ao amanhecer
Porque a noite te rouba a razão?
Este poeta não presta
Este poeta perdeu a palavra certa
Este poeta não acredita mais
Este poeta traçou à navalha a poesia e deixou-a incompleta
Mundo de cinzas pintado!
Fui ao mar alto na procura de uma afogada dor
Encontrei-me na pessoa só que sempre fui
Senti frio, não procurei o calor
Plantei hoje uma semente de futuro
Lembrei-me que as vinhas de folhas se cobriram
Este cálice de amargo vinho, bebi-o de um trago
As andorinhas do mar comigo partiram
Uma andorinha do mar
Sem pedra para poisar
Sem pena de penas perdidas
Voando sem procura do encontrar
E olho para este céu escuro como breu
Há um aguaceiro que se avizinha
Na procura do que julguei ser a claridade
Apagou-se...A Minha Estrelinha...