
Há tanta coisa que te posso dizer
O mar vai bramindo no encontro da fria lava
As gaivotas perderam-se no encontro da Terra
Encontrei hoje uma alma que inquieta estava
Hoje pintei a ardência da manhã
Fechei os ouvidos à palavra vã
Quebrei um ramo de loureiro verde
Mordi o veneno de uma maldita maçã
Fui Adão nu de preconceito
Paladino de uma luta sem tréguas
Demiurgo de uma história por contar
Barco sem leme em agitadas águas
Parei o relógio!
Parei o tempo que julguei ter parado
Ordenei aos pássaros que o canto parasse
Pedi a um anjo ter no voo cuidado
Uma deusa chorosa, chorava à beira-mar
Uma pedra sem mão percorreu o saltar
Uma giesta perdeu todas as flores
Um morrer ensaiou um falso matar
Fiz magia com todas as cores que tinha
Fiz aparecer na tela um tocador
Pintei-lhe um violoncelo a preceito
Mas ele não sabia tocar uma música de amor…
O amor nunca acontece sem amor
Esta coisa do amor será fantasia?
Será uma noite vestida de nostalgia?
Será planta envergonhada que floresce ao fim do dia?
Seja o que for, tem o nome de amor
Acho bem que seja assim
Há quem diga que se enraíza para sempre
E floresce como planta de alecrim
Não contei lá grande coisa neste louco poema
Vejam bem que nem falei da saudade
Mas disse algumas coisas sem nexo
Que estão…No limiar da verdade…