
Uma lança percorre o espaço
Leva a dor ao coração
Sangram as buganvílias de Maio
Bate num peito a fé de uma nua mão
Calcei luvas, branca e negra
Afastei os braços ao abraço
Encontrei um pássaro feliz
As uvas são amargas no Mês de Março
Anos, dias, vidas que se perdem da vida
Voltaram com o Sol as Andorinhas do Mar
Quantas vagas correram adiante
Quantas perdidas penas entre o partir e chegar
E as pedras da ilha…
As pedras da ilha não têm idade
Não tem limite o amor quando é amor
Não tem medida a extensão da saudade
Na ilha a saudade é um navio
É vapor da madrugada com a bruma
É gaivota voando no canal
É alma despojada de coisa alguma
Na ilha o céu chora no cair da noite
Derrama na terra um pouco do seu azul
Explodem as hortênsias no verde
No embalo de uma brisa do sul
Chorei na dor os sonhos perdidos
Reguei o barro frio e duro que percorri
Gritei um grito mudo preso ao peito
Aprisionei o fantasma do meu sentir
Rasguei os trincos da memória
Em eterno conflito cobri a minha alma com um negro véu
Fechei os olhos ao meu olhar
E senti ser…Uma Estrela Sem Céu…